segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Capítulo 20 - Aventuras italianas...

            -Antony! Como você...? – desisti no último momento, pois entendi que ele sabia muito mais de mim do que eu dele. E o fato de ser meu aniversário fez tudo parecer tão planejado, ou melhor, ele deve ter feito tudo isso nas últimas vinte e quatro horas! Uau! E quer saber eu não estou nem aí, se conheço seu passado ou não. Sinto que já conheço o bastante. Tudo o que ele faz por mim é sincero, é forte! É tão diferente dos outros caras com quem namorei... do Marcelo! Como temer o único que curou meu corpo? Que deu vida a ele. Antony apareceu na minha vida justo no momento em que eu não estava nem aí pra nada, talvez estivesse escrito esse encontro. Sabe-se lá Deus, o que eu teria enfrentado com toda aquela sede de liberdade. Protegeu-me e prendeu-me ao mesmo tempo. Mas, o mais intrigante nisso tudo, é que quanto mais presa a ele eu estou, mais livre me sinto. Loucura total.
            -E você deve estar se achando uma louca, por estar com alguém do qual não sabe de nada, não é? –falou enquanto colocava a pulseira em mim.
            -Obrigada Antony, é linda! Você vai me contar um dia a sua história, não vai?
            -Sim. Um dia. E nesse dia vou amarrá-la para que você não saia correndo de mim. –sorriu sorrateiramente.
            -Deus! Antony você está me assustando!
            -Estou brincado Elise! Mas minha história é sinistra. E não quero envolvê-la nessa névoa escura do meu passado. Por enquanto você só precisa saber que nunca matei, roubei, sequestrei, violentei ou machuquei ninguém. Se bem que já machuquei sim, mas com consentimento! –piscou o olho pra mim! Como ele diz, que mania fodida de sexy que ele tem de piscar. Fico louca assim!
            -Então, eu não tenho com o que me preocupar. Vamos escolher!
            Optamos por Gnocchetti di Zucca con Scampi e Radicchio Tardivo, Filetto di Manzo a 3 Pepi e como sobremesa, Zabbaioni con biscotti fatti in casa e mousse de fragola...

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Em Manhattan...
-Bernard? É Marianne!
            -Ora, ora, o que temos aqui? Precisa de pó?
            -Poupe-me do seu sarcasmo! Precisamos conversar. Urgente!
            -Te encontro no Mezzanine Bar em quinze minutos.
            -Ok!
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            -Você é louca? Por que não me ligou, como sempre fazia? Que merda! O que tem mais nessa cabeça além de química?
            -Eu não achei que ele estivesse tão envolvido com aquela vagabunda. –Marianne respondeu nervosa.
            -Idiota! Eu sempre tenho que fazer tudo sozinho! Agora vou ter que pensar em algo pra desfazer a merda que você fez!
            -Quer falar baixo, seu merda!
            -Merda eu? Vagabunda! Imbecil! Sempre metendo os pés pelas mãos. Você acha que ele vai se casar com você algum dia? Pelo amor de Deus! Caia na real de uma vez, ou vá dá uma cheiradinha.
            -Eu parei tá! Já faz três meses que não cheiro nada. –tremeu ao pegar sua bebida.
            -É mesmo? E você quer uma medalha por isso? Ela é melhor que você! Aliás, ela é melhor que todas vocês juntas.
            -Tá apaixonadinho por ela também? –sorriu sarcástica.
            -Idiota! Fique longe deles! Eu me encarrego, COMO SEMPRE, de tirar mais essa do caminho! E faça um favor a si mesma: Vá cheirar! Você está horrível!
            -Imbecil!
            -Vagabunda! Não me ligue, nem me procure na empresa. Quanto menos eu ser visto com você, melhor!
            -E o que eu faço então?
            -Use a parte do corpo que você, da qual é expert! O nariz!
            -Valeu amigão!
            -Eu não sou seu AMIGO! –falou apertando-lhe o queixo. – Eu mantenho contato, se achar cabível. –jogou o dinheiro das bebidas na mesa.

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Em Veneza...
            Após pagar a conta, Antony decidiu que voltaríamos a pé até a praça de São Marcos e então pegaríamos o carro alugado por ele. O motorista já fora avisado previamente. Coisas do Antony! Tudo sempre tão planejado.
            -Vamos andar Elise. Está uma noite linda e eu quero te mostrar uns lugares.
            -Tudo bem!
            Ao sairmos do restaurante, Antony me puxou pra uma rua sem saída e encostou-me no muro, num lugarzinho, onde antes parecia ter havido uma porta, tão escondido, que ninguém seria capaz de imaginar que haveria alguém ali.
            -Não sem antes de eu dar uns amassos em você aqui. Só pro caso de algum dia eu esquecer essa viagem.
            -Seu tarado!
            -Adoro quando você me chama assim, por que é exatamente como me sinto. – beijou-me enlouquecidamente, fazendo minha mente girar e esquecer por um minuto de onde estávamos. Uma das mãos segurando minha cabeça e a outra apertando meu corpo contra o seu. Uma das minhas mãos foi parar na sua bunda e trouxe-o para mim. Ele gemeu em minha boca.
            -Louca!
            -Gostoso!
            -Si prega Signore! (Por favor Senhor!)
            Ouvimos um homem suplicando e em seguida dois tiros saídos de uma espécie de silenciador. Antony olhou-me assustado e fez Shhhh! Pra eu fazer silêncio. Engoli em seco. Oh! Meu Deus! Um assassinato! Ele imprensou-me mais ainda contra a parede. Meu coração acelerou! Eu também podia sentir o seu. Ouvimos passos aproximando-se. Nossos olhos nunca se deixaram um minuto sequer. Shhhhh!
            -Questo era già! Capo!(Esse já era! Chefe!)
            No entanto, o homem olhou em nossa direção e fez um sinal para os demais, um assobio.
            -Merda! –Antony falou junto a mim. –Fique quieta!
            O homem aproximou-se e ficou a uns três metros da gente. De onde eu estava não dava pra ver sua cara. Antony nenhuma vez o encarou. Ficou o tempo todo olhando pra mim. Dentro dos meus olhos. Outros homens aproximaram-se e eu só conseguia pensar em uma frase: “Por favor, Deus não permita!” Os outros homens ficaram mais afastados e outros passos juntaram-se aos primeiros, então:
            -Bella notte!(Bela noite)-uma voz forte falou.
            -Bella! –Antony respondeu.
            -Hai sentito qualcosa? (Ouviram alguma coisa?)
-Non-boss!( -Não chefe!)
-Hai visto qualcosa?( -Viram alguma coisa?)
-Non-boss!( -Não chefe!)
-Vai via e non guardare indietro! Bella ragazza! La sua!(-Vão embora e não olhem pra trás! Bella moça! A sua!)
-Grazie capo!( -Obrigado chefe!)
--Cosa ti piace di lei? (-Você a ama?)-Antony respirou fundo e disse:
-Come la mia anima!( -Como a minha alma!)
-Quindi tenere la tua anima con il tuo corpo! Posso gestire separarli.( -Então mantenha sua alma junto a seu corpo! Posso tratar de separá-los.
-Ricevuto capo!( -Entendido chefe!)
Retiraram-se e ouvimos um barulho de carro sendo ligado e partindo. Que merda! Que hora pra ouvir uma declaração de amor. Ficamos nos olhando por um minuto! Eu não conseguia falar. Estava nervosa, apreensiva. Antony foi o primeiro.
-Acho que agora podemos ir! Você está bem? –acariciou meu rosto.
-Sim. Acho que sim. Abrace-me Antony!
Ele envolveu-me num abraço apertado e beijou-me.
-Céus eu morreria se acontecesse alguma coisa com você! –beijou-me novamente. –Agora vamos.
Saímos, passamos pelo corpo do estranho e pegamos a ruela rumo à praça. Andávamos tão rápido que mal conseguia equilibrar-me nos saltos. Havia um carro atrás de nós, acendeu e apagou os faróis assim que viramos a esquina. Estavam observando-nos.
-Você entendeu aquela conversa?
-Algumas frases! –meu coração acelerou mais.
-Esqueça o que viu e ouviu esta noite Elise! Vamos agir naturalmente quando chegarmos à praça entendeu?
-Sim. –fiquei me perguntando se ele referia-se também a sua declaração de amor.
A praça estava lotada e um alívio percorreu nossos corpos. Como se ali estivéssemos mais seguros. Misturamo-nos e logo encontramos mímicos com máscaras de carnaval que encenavam enquanto um músico tocava um instrumento. A música era tão suave que suspiramos ao mesmo tempo. Antony abraçou-me por trás e eu, mais do que em qualquer outro lugar, senti-me protegida. Aquecida e amada. Verdadeiramente amada. Apertou meu casaco, colocando a mão sobre meu peito.
-Seu coração está acelerado! Acalme-se! Respire! Eu estou aqui! –falou com seus lábios colados em meu ouvido e o som da sua voz fazia com que cada célula do meu corpo obedecesse. Inspirei lentamente. –Isso. Assim mesmo! Está melhor?
-Sim.
-Ótimo!
O casal mascarado aproximou-se de nós e começou a dançar e a imitar-nos. Rimos. Relaxamos. Então um deles ofereceu-me uma rosa vermelha.
-Grazie! –agradeci.
Antony puxou-me e saímos da multidão que se aglomerava para assistir ao espetáculo teatral. Caminhamos até o carro alugado e entramos.
-Pro Venice Jazz Club!
-O que é isso Antony? Não vamos pro hotel?
-Não! Temo que estamos sendo seguidos e acho melhor ficarmos um pouco nesse bar. O que acha?
-Acho que vai ser bom pra despistar. Eles vão achar que estamos agindo naturalmente, como se nada tivesse acontecido.
-É exatamente isso que quero que pensem.
-Estou me sentindo num filme de gangsters!
-E está excitada com tudo isso!
-Deus! Você só pensa nisso?
-Elise você está com um puta tesão! Posso sentir o cheiro daqui. Posso ler as mensagens que está enviando pra mim: o mover das suas pernas, apertando-se; o lábio que você não para de morder e você, decididamente, quando está excitada, não consegue me olhar nos olhos, como se isso fosse proibido. Agora me diga: você quer foder? –falou tudo ao meu ouvido.
-Sim. –maldito homem.
Fomos interrompidos pelo motorista.
-Lord're di essere seguito!(-Senhor estamos sendo seguidos!)
Meu coração pulou! Olhei aterrorizada para ele.
-Antony!
-Più veloce! Bastardi!(Mais rápido! Bastardos!)
-Abaixe-se querida! Fique de cabeça baixa.
Fiz o que ele mandou e fiquei com a cabeça em seu colo.
- Qui! Inserisci quel vicolo! Questi pezzi di merda! Più veloce!(Por aqui! Entre nessa ruela! Esses merdas! Mais rápido!)
O carro parecia que voava.
- Ora c'è! Ecco! Ecco! Qui! Qui! Spegnere la macchina! Isso.Bastardos! Siamo riusciti a ingannarli. Vieni Elise! Vieni qui. Rimani lì. Quindi uscire lentamente.(Agora lá! Lá! Lá! Aqui! Aqui! Desligue o carro! Isso.Bastardos! Conseguimos enganá-los. Venha Elise! Vamos por aqui. Fique aí. Depois saia devagar.)
Saímos do carro e entramos numa ruela, depois em outra e em outra. Eu me perdi e não me lembrava mais de onde tínhamos vindo. Até avistarmos uma ponte do outro lado da rua e do outro de onde tínhamos vindo, homens de preto passaram correndo.
-Depressa Elise! Vamos pra ponte. Vamos nos esconder lá!
Corremos até a ponte e entramos por uma passagem bem apertada ficando embaixo dela. Quando chegamos a uma espécie de galeria vazia, embaixo da ponte, ouvimos passos correndo sobre ela. Antony jogou-me contra a parede e beijou-me furiosamente. Levantou meu vestido e rasgou minha calcinha. Nosso cansaço, evidenciado pela nossa respiração acelerada preenchia todo o vazio do lugar. Esqueci-me dos homens, de tudo, só queria ser fodida por ele naquele lugar, daquela maneira. Forte e selvagem. Estava louca de tesão. E ele também. Entregamo-nos a paixão e saciamo-nos um do outro tirando vantagem de cada gota das substâncias que a adrenalina jogava em nossas veias. Meu último grito foi abafado por sua mão em minha boca e o seu orgasmo liberado com uma mordida entre meu pescoço e ombro. Saiu de dentro de mim delicadamente. Abracei-o e ele desceu minhas pernas com cuidado. Céus ele estava segurando todo o meu peso o tempo inteiro. Enconstou-me na parede e quando estava seguro do meu equilíbrio começou a vestir-se. Abaixei o vestido.
-Vamos querida!
-É seguro?
-Por quê?
-Os homens!
-Que homens?
-Aqueles que estavam nos seguindo!
-Elise aquilo foi uma encenação! –sorriu.
-Ahhhh! Antony eu mato você!


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