-Antony! Como você...? – desisti no último momento, pois
entendi que ele sabia muito mais de mim do que eu dele. E o fato de ser meu
aniversário fez tudo parecer tão planejado, ou melhor, ele deve ter feito tudo
isso nas últimas vinte e quatro horas! Uau! E quer saber eu não estou nem aí,
se conheço seu passado ou não. Sinto que já conheço o bastante. Tudo o que ele faz
por mim é sincero, é forte! É tão diferente dos outros caras com quem
namorei... do Marcelo! Como temer o único que curou meu corpo? Que deu vida a
ele. Antony apareceu na minha vida justo no momento em que eu não estava nem aí
pra nada, talvez estivesse escrito esse encontro. Sabe-se lá Deus, o que eu
teria enfrentado com toda aquela sede de liberdade. Protegeu-me e prendeu-me ao
mesmo tempo. Mas, o mais intrigante nisso tudo, é que quanto mais presa a ele
eu estou, mais livre me sinto. Loucura total.
-E você deve
estar se achando uma louca, por estar com alguém do qual não sabe de nada, não
é? –falou enquanto colocava a pulseira em mim.
-Obrigada
Antony, é linda! Você vai me contar um dia a sua história, não vai?
-Sim. Um
dia. E nesse dia vou amarrá-la para que você não saia correndo de mim. –sorriu
sorrateiramente.
-Deus!
Antony você está me assustando!
-Estou
brincado Elise! Mas minha história é sinistra. E não quero envolvê-la nessa
névoa escura do meu passado. Por enquanto você só precisa saber que nunca
matei, roubei, sequestrei, violentei ou machuquei ninguém. Se bem que já
machuquei sim, mas com consentimento! –piscou o olho pra mim! Como ele diz, que
mania fodida de sexy que ele tem de piscar. Fico louca assim!
-Então, eu
não tenho com o que me preocupar. Vamos escolher!
Optamos por Gnocchetti
di Zucca con Scampi e Radicchio Tardivo, Filetto di Manzo a 3 Pepi e como sobremesa, Zabbaioni con biscotti
fatti in casa e mousse de fragola...
***************
Em Manhattan...
-Bernard? É Marianne!
-Ora, ora, o
que temos aqui? Precisa de pó?
-Poupe-me do
seu sarcasmo! Precisamos conversar. Urgente!
-Te encontro
no Mezzanine Bar em quinze minutos.
-Ok!
**************
-Você é
louca? Por que não me ligou, como sempre fazia? Que merda! O que tem mais nessa
cabeça além de química?
-Eu não
achei que ele estivesse tão envolvido com aquela vagabunda. –Marianne respondeu
nervosa.
-Idiota! Eu
sempre tenho que fazer tudo sozinho! Agora vou ter que pensar em algo pra
desfazer a merda que você fez!
-Quer falar
baixo, seu merda!
-Merda eu?
Vagabunda! Imbecil! Sempre metendo os pés pelas mãos. Você acha que ele vai se
casar com você algum dia? Pelo amor de Deus! Caia na real de uma vez, ou vá dá
uma cheiradinha.
-Eu parei
tá! Já faz três meses que não cheiro nada. –tremeu ao pegar sua bebida.
-É mesmo? E
você quer uma medalha por isso? Ela é melhor que você! Aliás, ela é melhor que
todas vocês juntas.
-Tá
apaixonadinho por ela também? –sorriu sarcástica.
-Idiota!
Fique longe deles! Eu me encarrego, COMO SEMPRE, de tirar mais essa do caminho!
E faça um favor a si mesma: Vá cheirar! Você está horrível!
-Imbecil!
-Vagabunda!
Não me ligue, nem me procure na empresa. Quanto menos eu ser visto com você,
melhor!
-E o que eu
faço então?
-Use a parte
do corpo que você, da qual é expert! O nariz!
-Valeu
amigão!
-Eu não sou
seu AMIGO! –falou apertando-lhe o queixo. – Eu mantenho contato, se achar
cabível. –jogou o dinheiro das bebidas na mesa.
*********************
Em Veneza...
Após pagar a
conta, Antony decidiu que voltaríamos a pé até a praça de São Marcos e então
pegaríamos o carro alugado por ele. O motorista já fora avisado previamente.
Coisas do Antony! Tudo sempre tão planejado.
-Vamos andar
Elise. Está uma noite linda e eu quero te mostrar uns lugares.
-Tudo bem!
Ao sairmos
do restaurante, Antony me puxou pra uma rua sem saída e encostou-me no muro,
num lugarzinho, onde antes parecia ter havido uma porta, tão escondido, que
ninguém seria capaz de imaginar que haveria alguém ali.
-Não sem
antes de eu dar uns amassos em você aqui. Só pro caso de algum dia eu esquecer
essa viagem.
-Seu tarado!
-Adoro
quando você me chama assim, por que é exatamente como me sinto. – beijou-me
enlouquecidamente, fazendo minha mente girar e esquecer por um minuto de onde
estávamos. Uma das mãos segurando minha cabeça e a outra apertando meu corpo
contra o seu. Uma das minhas mãos foi parar na sua bunda e trouxe-o para mim.
Ele gemeu em minha boca.
-Louca!
-Gostoso!
-Si prega Signore!
(Por favor Senhor!)
Ouvimos um
homem suplicando e em seguida dois tiros saídos de uma espécie de silenciador.
Antony olhou-me assustado e fez Shhhh! Pra eu fazer silêncio. Engoli em seco.
Oh! Meu Deus! Um assassinato! Ele imprensou-me mais ainda contra a parede. Meu
coração acelerou! Eu também podia sentir o seu. Ouvimos passos aproximando-se.
Nossos olhos nunca se deixaram um minuto sequer. Shhhhh!
-Questo era
già! Capo!(Esse já era! Chefe!)
No entanto,
o homem olhou em nossa direção e fez um sinal para os demais, um assobio.
-Merda!
–Antony falou junto a mim. –Fique quieta!
O homem
aproximou-se e ficou a uns três metros da gente. De onde eu estava não dava pra
ver sua cara. Antony nenhuma vez o encarou. Ficou o tempo todo olhando pra mim.
Dentro dos meus olhos. Outros homens aproximaram-se e eu só conseguia pensar em
uma frase: “Por favor, Deus não permita!” Os outros homens ficaram mais
afastados e outros passos juntaram-se aos primeiros, então:
-Bella
notte!(Bela noite)-uma voz forte falou.
-Bella! –Antony respondeu.
-Hai sentito qualcosa? (Ouviram
alguma coisa?)
-Non-boss!( -Não chefe!)
-Hai visto qualcosa?( -Viram alguma
coisa?)
-Non-boss!( -Não chefe!)
-Vai via e non guardare indietro!
Bella ragazza! La sua!(-Vão embora e não olhem pra trás! Bella moça! A sua!)
-Grazie capo!( -Obrigado chefe!)
--Cosa ti piace di lei? (-Você a ama?)-Antony
respirou fundo e disse:
-Come la mia anima!( -Como a minha
alma!)
-Quindi tenere la tua
anima con il tuo corpo! Posso gestire separarli.( -Então mantenha sua alma
junto a seu corpo! Posso tratar de separá-los.
-Ricevuto capo!( -Entendido chefe!)
Retiraram-se e ouvimos um barulho de
carro sendo ligado e partindo. Que merda! Que hora pra ouvir uma declaração de
amor. Ficamos nos olhando por um minuto! Eu não conseguia falar. Estava
nervosa, apreensiva. Antony foi o primeiro.
-Acho que agora podemos ir! Você está
bem? –acariciou meu rosto.
-Sim. Acho que sim. Abrace-me Antony!
Ele envolveu-me num abraço apertado e
beijou-me.
-Céus eu morreria se acontecesse
alguma coisa com você! –beijou-me novamente. –Agora vamos.
Saímos, passamos pelo corpo do estranho
e pegamos a ruela rumo à praça. Andávamos tão rápido que mal conseguia
equilibrar-me nos saltos. Havia um carro atrás de nós, acendeu e apagou os
faróis assim que viramos a esquina. Estavam observando-nos.
-Você entendeu aquela conversa?
-Algumas frases! –meu coração
acelerou mais.
-Esqueça o que viu e ouviu esta noite
Elise! Vamos agir naturalmente quando chegarmos à praça entendeu?
-Sim. –fiquei me perguntando se ele
referia-se também a sua declaração de amor.
A praça estava lotada e um alívio
percorreu nossos corpos. Como se ali estivéssemos mais seguros. Misturamo-nos e
logo encontramos mímicos com máscaras de carnaval que encenavam enquanto um
músico tocava um instrumento. A música era tão suave que suspiramos ao mesmo
tempo. Antony abraçou-me por trás e eu, mais do que em qualquer outro lugar,
senti-me protegida. Aquecida e amada. Verdadeiramente amada. Apertou meu
casaco, colocando a mão sobre meu peito.
-Seu coração está acelerado!
Acalme-se! Respire! Eu estou aqui! –falou com seus lábios colados em meu ouvido
e o som da sua voz fazia com que cada célula do meu corpo obedecesse. Inspirei
lentamente. –Isso. Assim mesmo! Está melhor?
-Sim.
-Ótimo!
O casal mascarado aproximou-se de nós
e começou a dançar e a imitar-nos. Rimos. Relaxamos. Então um deles ofereceu-me
uma rosa vermelha.
-Grazie! –agradeci.
Antony puxou-me e saímos da multidão
que se aglomerava para assistir ao espetáculo teatral. Caminhamos até o carro
alugado e entramos.
-Pro Venice Jazz Club!
-O que é isso Antony? Não vamos pro
hotel?
-Não! Temo que estamos sendo seguidos
e acho melhor ficarmos um pouco nesse bar. O que acha?
-Acho que vai ser bom pra despistar.
Eles vão achar que estamos agindo naturalmente, como se nada tivesse
acontecido.
-É exatamente isso que quero que
pensem.
-Estou me sentindo num filme de
gangsters!
-E está excitada com tudo isso!
-Deus! Você só pensa nisso?
-Elise você está com um puta tesão!
Posso sentir o cheiro daqui. Posso ler as mensagens que está enviando pra mim:
o mover das suas pernas, apertando-se; o lábio que você não para de morder e
você, decididamente, quando está excitada, não consegue me olhar nos olhos,
como se isso fosse proibido. Agora me diga: você quer foder? –falou tudo ao meu
ouvido.
-Sim. –maldito homem.
Fomos interrompidos pelo motorista.
-Lord're di essere seguito!(-Senhor
estamos sendo seguidos!)
Meu coração pulou! Olhei aterrorizada
para ele.
-Antony!
-Più veloce! Bastardi!(Mais rápido!
Bastardos!)
-Abaixe-se querida! Fique de cabeça
baixa.
Fiz o que ele mandou e fiquei com a
cabeça em seu colo.
- Qui! Inserisci quel vicolo! Questi pezzi di merda! Più
veloce!(Por aqui! Entre nessa ruela! Esses merdas! Mais rápido!)
O carro parecia que voava.
- Ora c'è! Ecco! Ecco! Qui! Qui! Spegnere la macchina!
Isso.Bastardos! Siamo riusciti a ingannarli. Vieni Elise! Vieni qui. Rimani lì.
Quindi uscire lentamente.(Agora lá! Lá! Lá! Aqui! Aqui! Desligue o carro! Isso.Bastardos!
Conseguimos enganá-los. Venha Elise! Vamos por aqui. Fique aí. Depois saia
devagar.)
Saímos do carro e entramos numa
ruela, depois em outra e em outra. Eu me perdi e não me lembrava mais de onde
tínhamos vindo. Até avistarmos uma ponte do outro lado da rua e do outro de
onde tínhamos vindo, homens de preto passaram correndo.
-Depressa Elise! Vamos pra ponte.
Vamos nos esconder lá!
Corremos até a ponte e entramos por
uma passagem bem apertada ficando embaixo dela. Quando chegamos a uma espécie
de galeria vazia, embaixo da ponte, ouvimos passos correndo sobre ela. Antony
jogou-me contra a parede e beijou-me furiosamente. Levantou meu vestido e
rasgou minha calcinha. Nosso cansaço, evidenciado pela nossa respiração
acelerada preenchia todo o vazio do lugar. Esqueci-me dos homens, de tudo, só
queria ser fodida por ele naquele lugar, daquela maneira. Forte e selvagem.
Estava louca de tesão. E ele também. Entregamo-nos a paixão e saciamo-nos um do
outro tirando vantagem de cada gota das substâncias que a adrenalina jogava em
nossas veias. Meu último grito foi abafado por sua mão em minha boca e o seu
orgasmo liberado com uma mordida entre meu pescoço e ombro. Saiu de dentro de
mim delicadamente. Abracei-o e ele desceu minhas pernas com cuidado. Céus ele
estava segurando todo o meu peso o tempo inteiro. Enconstou-me na parede e
quando estava seguro do meu equilíbrio começou a vestir-se. Abaixei o vestido.
-Vamos querida!
-É seguro?
-Por quê?
-Os homens!
-Que homens?
-Aqueles que estavam nos seguindo!
-Elise aquilo foi uma encenação!
–sorriu.
-Ahhhh! Antony eu mato você!
Aguardando Cap 21 :-)
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