Capítulo 5

5

        Na volta até meu apartamento, Mauro colocou novamente a música “Alone” do Bee Gees. Ele lembrou! Legal! Sorriu pra mim ao me ver cantarolando a música, baixinho é claro.

        -Você realmente gosta dessa música! Vou deixar tocar todo o repertório deles, ok?

        -Ah! Por favor!

       -Você é muito eclética em relação à música! Gostaria de saber em que mais você é!

        -Em muitas outras coisas! –olhei e sorri.

        -Por exemplo?

        -O que você quer saber exatamente? Pergunte!

        -Relacionamento, sentimento... sexo!

        Passei a língua nos lábios e comecei:

-Gosto de me apaixonar, detesto ser controlada e adoro sexo selvagem.

-Nossa! Você agora me tirou o fôlego!

-Com medo?

-De forma alguma! Adoro um desafio! Quer jogar?

-Vamos ver! Acho que chegamos!

O porteiro do prédio abriu o portão que dava acesso á garagem e ele novamente estacionou ao lado do Audi. Pulou e veio abrir a porta pra mim. É disso que eu gosto. Sentir-me vinte quatro horas seduzida, admirada e conduzida por um homem seguro de si e de suas atitudes. Na minha opinião não existe nada mais feminino! Os papéis nos seus devidos lugares: A mulher, uma deusa intocável e o homem, um mero mortal tentando alcançá-la. Que me perdoem os machistas e as feministas de plantão, mas ser tratada e paparicada assim não tem nada de ruim. O homem pode ser tudo de bom e tudo de ruim, só depende dele.

Estávamos no elevador, ele me olhando com um meio-sorriso e meus instintos dizendo: “prepare-se ele vai pular em cima de você a qualquer momento”.

-Ai! –senti uma picada no seio.

-O que foi Elise?

Enfiei a mão no bojo do vestido e arranquei uma coisinha preta de lá. Coloquei na mão do Mauro e voltei a apertar o bico do meu peito.

-É uma besouro! Te picou? Foi? –ele estava rindo?

-Sim e está doendo muito.

-Onde?

-Acho que no bico do meu peito. –as lágrimas desciam do meu rosto. Ah eu não suportava sentir dor.

-Meu Deus Elise você está bem? –dessa vez ele parou de rir.

Entramos em casa e eu fui direto pra cozinha. Ele acompanhou-me. De costas para ele, abaixei o bojo do vestido e olhei o estrago. Realmente ele tinha me picado perto do bico. Estava vermelho e inchando um pouquinho. Quando virei o rosto Mauro estava colocando o besouro no balcão e prendendo-o com um copo de vidro.

-Como você está? Como esse besouro foi para aí? –acho que ele estava zangado.

-Não sei, mas está doendo!

-Será que tem ferrão? Esprema!

-Não dá! Pegue gelo pra mim, por favor.

-Ótima idéia! Vai anestesiar a dor.

Coloquei o gelo, ainda de costas pra ele.

-Ai!

-Já chega Elise, deixe-me dar uma olhada nisso!

-Não mesmo! Não mostro meu peito no primeiro encontro. –ri e ele fez uma cara de não-tô-nem-aí. Meu inconsciente me repreendeu dizendo “Vai dá uma de santinha agora? Você mostrou muito mais ao ANTONY!” Shhhh!

-Eu tô vendo tudo pelo espelho! E eu sou médico esqueceu?

Merda o espelho! Tentei cobrir com o tecido de forma que só a parte da picada ficasse exposta e virei-me. Ele aproximou-se e puxou o bojo todo de lado expondo meu seio inteiro. Puta merda! Espremeu e sorriu!

-Foi só uma picadinha! Ponha o gelo!...-cobri-o envergonhada! –Que besourinho filho-da-mãe de sorte! – e riu.

-Não foi em você! –ele aproximou-se e enxugou minhas lágrimas.

-Desculpe meu bem! Você está exagerando.

-É, acho que estou! Venha vamos nos sentar um pouco... tenho vinho branco aceita?

*********

-Estou com o Sr. Mathew na linha Sr. Hill!

-Passe!

-Alô Sr. Hill?

-Fale Mathew.

-Por favor abra seu email, que estarei passando as informações para o senhor.

-Ok Mathew! Email aberto! Fotos?

-Sim senhor! São da senhorita Campelo senhor!

“Tanto ‘senhor’ é irritante. O que é que esse idiota quer?”

-Você está mandando fotos do prédio dela? Pelo amor de Deus!

-Tenha calma senhor! Observe o carro estacionado!

-Quem é?

-Mauro Schilling senhor. Irmão daquele amigo gay, desculpe senhor, da senhorita Campelo.

-O que é que esse idiota quer na frente do prédio dela?

-Foi uma visita inesperada senhor!

-Como você pode saber?

-Por que ele esperou uns cinco minutos até liberarem o acesso.

-Interessante! Prossiga.

-O Senhor Schilling permaneceu uns cinqüenta minutos dentro do prédio e depois saiu com a senhorita.

-Mas que merda é essa? O que você estava fazendo Mathew? Porra! Prossiga.

-Ele levou-a ao Drink & Gourmet senhor, conforme as fotos.

-Nossa ela está linda com esse cabelo! Parece feliz ao lado desse babaca, idiota!

-Eles permaneceram lá até por volta das 23:45 senhor.

-Descreva o local Mathew!

-É um restaurante-bar. Muito procurado e estava lotado ambos os lados. Tem uma pista de dança no bar. Ah! O Senhor Schilling é sócio do lugar.

-Babaca! Procure saber se está a venda! Continue!

-Sim Senhor! Depois de jantarem, eles foram ao bar e dançaram...

-Que merda! Porra Mathew! Onde você estava?

-Bem no encalço deles senhor!

-Se estivesse ele não estaria agarrando ela desse jeito! Eu não estou vendo isso? É...É um... Beijo?

-Quase senhor! Se eu não estivesse chegado a tempo e esbarrado neles fingindo-me de bêbado.

-Grande Mathew! Você vale cada centavo que eu lhe pago! Isso! Continue.

-O senhor Schilling não voltou a beijá-la senhor. Permaneceram mais um hora conversando e foram embora.

-Essas são as fotos da saída?

-Sim, senhor.

-Ela parece tão relaxada com ele! E?

-Eles foram direto pro apartamento da senhorita e ele permaneceu lá por mais uma hora, depois foi embora.

-Merda! Merda! Merda! Ahhhh! Mais alguma coisa?

-Isso é tudo senhor!

-Bom trabalho Mathew!

-Joel? Consiga um vôo pro Brasil agora!

-Mas, o senhor tem uma reunião daqui a vinte minutos!

-Cancele!

-Mas, Senhor Hill...

-Isso é uma ordem!

-Sim, Senhor Hill!

“Eu sabia, sabia o tempo todo que estava diante de uma predadora. Você é um idiota Hill. Babaca Hill. Você devia tê-la arrastado com você. Agora fica aí arrancando os cabelos. Ela merece uma lição, da qual nunca se esquecerá. Ah! Mas, isso ela vai ter sim. Preciso levar um dos colares, isso vai distraí-la”

***********

“Cinco horas de vôo e duas conexões. Estou no meu limite e tudo por conta dela. Passo a mão pelos cabelos pela milésima vez. Estou muito cansado. Quanto tempo ele ficou lá? Uma hora? Em uma hora eu teria fodido ela umas três vezes. Dessa vez ela vem comigo. Não vou correr o risco de deixar aquele babaca por as mãos nela de novo. Tá na cara que ele está louco pra comê-la. Ah! Elise, Elise o que eu faço com você? Adoro esse nome! Adoro o seu jeito de rir, de gemer, de implorar. Seu olhar tem uma conexão direta com a minha virilha. Uau! Eu tô ficando louco. Só posso estar ficando louco. Largar tudo e vir correndo atrás dessa predadora. Uma deliciosa predadora. Minha. Minha. Você é um babaca Hill”

-Fez uma boa viagem Senhor Hill?

-Sim, obrigado Mathew!

-Pro hotel senhor?

-Não direto pro apartamento da Elise!