sábado, 24 de novembro de 2012

Capítulo 6


6

        -Por favor! Eu sou Elise Campelo e tenho uma consulta marcada com o Dr. Kevin Schilling.
        -Um minuto senhorita! Estávamos aguardando a sua chegada. Por aqui!
        Nossa muito rápido pra um consultório ginecológico! –Pensei  entrei no consultório.
        -Bom...Bom dia! Mauro? Acho que houve um engano! –quase cai quando o vi. Acho que o sangue fugiu do rosto.
        -Respire Elise, não houve engano nenhum. Eu estava aguardando-a. Quer uma água?
        -Sim...mas...
        -Sou Mauro kevin Schilling. Kevin Schilling era meu pai.
        -Mas Gilian Spezatto...
        -Meu pai morreu quando eu tinha seis anos e Claire casou-se novamente com o pai do Gilian.
        -Que brincadeira é essa? –ri.
        -Desculpe, mas eu mal podia esperar por essa consulta.
        -Gilian sabia? Meu Deus! Eu mato aquele babaca.
        -Sim. Não fique chateada Elise. Foi só uma brincadeira. Diga-me em que posso ajudá-la? –disse e saiu do outro lado da mesa pra sentar-se na cadeira ao meu lado.
        -Meu Deus Mauro! Por que não me falou ontem?
        -Você teria vindo?
        -Acho que não! Sei lá, talvez. –ri nervosa.
        -Queria vê-la novamente. –riu sensual. Desviei o olhar. –Diga-me por que precisa de um ginecologista?
        -Só quero trocar minha pílula porque a que eu tomo me dá dor de cabeça.
        -Só isso? Não quer que a examine?
        -Não! Claro que não!
        -Por que não?
        -Porque estou bem! Só quero trocar a pílula. Acredite!
        Imagine só uma coisa dessas! Não mesmo! Nem em sonho Dr. Mauro. Se bem que em sonho...
       
***********
       
        -Pode deixar Teresa que eu abro!
        -Olá! –Antony falou com uma cara horrível de cansaço.
        -Olá Antony. Que surpresa vê-lo tão depressa! –Não fiz questão de esconder. –Entre!
        Ele andou até o meio da sala, virou-se e ficou me encarando. Muito sério. Sério demais pro meu gosto. Parecia até chateado.
        -Aconteceu alguma coisa? –ficamos frente a frente. Eu estava apreensiva e meio nervosa, então coloquei minhas mãos pra trás. Ele correu os olhos por meu corpo e perguntou:
        -Está de saída?
        -Não!
        -Esperando alguém, então?
        -Não! O que está acontecendo, Antony? Você só ia voltar daqui uns cinco dias. De repente aparece aqui com essa cara. Você está horrível! –Não está nada! Está lindo de morrer com essa barba por fazer, sem gravata e o paletó jogado nos ombros. Era o seu jeito de olhar que me incomodava. Por que ainda não me tocou?
        -O que tem feito, Elise? –pisquei e olhei-o desconfiada.
        -Bem, eu tenho me divertido um pouco e estudado bastante. –onde ele queria chegar?
        -Conheceu alguém interessante? –levantou uma sobrancelha. Adoro quando ele faz isso.
        -Não! –Ah! Era isso então.
        -Sente-se Antony. Quer beber alguma coisa? –aproximei-me olhando-o nos olhos. Coloquei as mãos em seu peito e ele suspirou. Estava muito tenso.
        -Não! Quero tomar um banho! –afastou-se. –Posso?
“Pensa que vai me desviar do meu objetivo sua feiticeira. Não! Não dessa vez! Quero levá-la pro quarto e dá-lhe uma lição.”
-Claro. Por aqui.
-Vá à frente! “Assim posso admirar seu belo traseiro e o seu jeito de andar. Não vou tocá-la ainda. Quero que sinta falta do meu toque.”
Entramos no quarto e ele fechou a porta atrás de si. Virei-me e lá estava aquele olhar quente novamente. Lembrei da noite em que nos conhecemos. Não entendi porque ainda não me tocou. Minha respiração estava ficando pesada demais. Ele colocou o paletó e a gravata em cima da cadeira e abriu ainda mais os botões da camisa. Tirou-a. Entendi seu jogo: está querendo me seduzir.
-Quer ajuda? –perguntei atrevida.
-Não! -“Ah! Elise você vai aprender a nunca mais me deixar zangado. Essa boca! O que eu faço com essa boca? Quero fodê-la.”
        -Quer que eu saia? -mais uma vez atrevida.
        -Você quer sair? –Nossa! Ele é mesmo bom nisso.
        -Não! –Já estava sem camisa, sem os sapatos e as meias. Só de calça sem o cinto. Meu Deus! Ele quase me faz gozar só em olhar pra mim.
        Aproximou-se e agarrou minha bunda. Até que enfim um toque!
        -Vire-se. –obedeci. Eu agora fiquei com essa mania de fazer o que ele queria. Meu corpo reagia mecanicamente. –Consegue me abraçar assim? Prenda-me com suas mãos as minhas costas. Consegue?
        -O que você está fazendo?
        -Shhhh! Não solte viu!
        De repente agarrou meus seios por cima do tecido fino da blusa. Ah!
        -Gosta dessa blusa?
        -Sim!
        -Então é melhor eu abri-la com cuidado.
        E numa tortura implacável ele começou a desabotoar os botões.
        -Humm! Sutien com abertura na frente. Adoro esses tipos!
        Abriu-o também expondo meus seios. Agarrou-os e começou a girar suas mãos por eles. Ah! Nos bicos, por favor!
Como se estivesse lendo meus pensamentos, ele apertou-os entre os polegares e os indicadores. Girando-os e puxando-os. Ah! Gemi. Retirei uma das mãos e passei por sua ereção. Uau!
        -Mãos para trás! –“Será que não consegue obedecer uma única vez? Ah! Se eu tivesse algemas aqui.” –Não solte está ouvindo?
-Sim!
-Você tem seios lindos meu bem!
Sua mão esquerda desceu até meu sexo e começou a massageá-lo. Nossa! Que delícia! Enquanto a outra massageava meus seios.
-Isso vai ser intenso demais! Portanto respire! É só uma questão de respiração, entendeu?
-Sim. –estava ofegante.
Tocou-me mais profundamente acertando bem naquele pontinho. Ah! Gemi. Massageava e tocava-me lá. Na terceira, concomitante ao seu toque mais profundo ele esbofeteou um seio. Ahhhh! Puta merda! O que foi isso? Uma tapa? E massageava, apertava e esbofeteava, revezando os seios. Ahhhh! Nossa eu estava muito excitada com aquilo.
-Respire Elise!
Por que ele não tirou minha calça jeans? Não doía, por que a sensação provocada por seu toque em meu sexo irradiava algo muito mais intenso que a dor provocada pelas tapas. Comecei a ficar leve, minhas pernas viraram gelatinas e eu estava prestes a gozar. Todos os meus sinais de alerta estavam ligados. A linha tênue entre o prazer e a dor é algo que pode ser muito agradável. Mexe com todos os sentidos e o cérebro fica em alerta. Na quarta tapa eu já havia aprendido a respirar e a absorver a dor antecipando suas investidas implacáveis. Antony tinha razão era algo muito, muito intenso.
-Vamos Elise goze pra mim, goze! – e suas palavras eram estopim pra erupção de sensações que formigavam em meu corpo.
Quando ele tapeou e segurou o aperto muito, muito mais profundo, eu não segurei e... Ahhhhhhh!  De repente ele se soltou. Como não estava sentido as pernas, desequilibrei-me e cai de joelhos no chão. O quê? O que foi isso?
-Como está se sentindo, Elise? -perguntou ofegante.
-Hã? –estava atordoada sem entender, eu quase...
-Frustrada? Tiraram algo que lhe pertence? Por que foi exatamente assim que me senti ao ver você dançando com aquele babaca.
As lágrimas inundaram meus olhos. Meu deus! Marcelo! Lembrei de todas as vezes que transei com ele e nunca... nunca... ter o prazer negado por alguém insensível é uma coisa, mas por crueldade! Como ele pode fazer isso comigo? Solucei! Entendi que ele quis castigar-me por algo que tinha feito. Mas o quê? Queria levantar-me dali, mas era como se eu estivesse colada ao chão. Humilhada demais.
“Que droga! Por que ela não se levanta e vem implorar-me? Está chorando? Que merda! Não era essa a reação que eu esperava.”
Juntei forças e engatinhei até o banheiro. Sentei no chão junto à banheira e abracei as pernas. Não conseguia conter o choro.
“O que ela está fazendo? Fugindo? Não Elise, volte aqui! Que merda! Dessa vez você passou dos limites Hill!”
-Ei! Elise olhe pra mim!
-Saia da minha casa! Não toque em mim!
Ele veio e segurou meus braços. Empurreio-o.
-Afaste-se de mim. Você nunca mais vai encostar em mim. –gritei entre as lágrimas.
“Não! Isso não! Não tocar mais em você! Chego a me arrepiar só em pensar na idéia. Ela está furiosa. Não consegue nem olhar pra mim.”
Ele agarrou-me com força e beijou-me absorvendo meu soluço.
-Me desculpe! Elise nunca mais farei isso de novo!
“Que merda é essa agora Antony? Você sabe muito bem que a privação do prazer é o castigo mais eficaz na dominação. Mas, não com ela. Elise é diferente. Ela reagiu de forma estranha. Era um mistério. E estava muito furiosa. Melhor fazê-la gozar rapidinho.”
-Largue-me Antony!
-Não. Deixe-me compensá-la, dando banho em você.
Ele sabia o poder que suas palavras tinham sobre mim. Estar daquele jeito em seus braços, com ele me segurando e olhando com uma cara de arrependimento... Não, eu não podia ceder. Dessa vez ele tinha ido longe demais. Ele, com certeza estava falando do Mauro. Tirei seus braços de mim e encarei-o.
-Eu saí, sim com um amigo. Fomos jantar e dançamos. Foi uma noite muito agradável. E você não tem o direito de agir como um louco alucinado, achando que é meu dono. Ou que eu lhe devo obediência. Já chega de bancar o insensato. Vamos resolver isso agora. –falei entre as lágrimas.
-Ótimo. Eu sei o que eu quero. Quero você inteira só pra mim. Não suporto a idéia de que outro possa tocar em você. Possa sentir seu cheiro. Ter sua atenção...
-Você está se ouvindo? Pelo amor de Deus! Se isso não for loucura eu não sei mais o que é. -interrompi-o.
-A verdade é que eu não sei direito o que sinto por você. Você desperta minha fúria, meu desejo e o que há de mais louco em mim.
-Você me assusta! Depois do que aconteceu, não sei se vou confiar em você novamente. Se vou relaxar com você...
-Não Elise, não pense assim. –Vi o terror passando por seu olhar. –Deixe-me prová-la que posso levá-la aos lugares mais inexplorados do prazer. Confie em mim. Dê-me uma chance.
E foi se aproximando lento e sensual. Tomou-me em seus braços. Tirou minha blusa e o sutien. Abriu o botão da calça jeans. Abaixou-se e tirou meus sapatos. Tirou a calça bem devagar. Sempre olhando em meus olhos. Por que eu não conseguia resistir a ele? Por que não conseguia me mexer? Ele simplesmente me enfeitiçava... Queria senti-lo novamente. Esse homem me proporcionava as experiências mais intensas que eu jamais havia imaginado. Sempre achei que tivesse renegada ao mundo da insensibilidade, que nunca sentiria o que minhas amigas falavam ou o que a literatura vendia, como romances perfeitos, amantes perfeitos e amores eternos.
Ele me fazia acreditar que de alguma maneira eu poderia experimentar algo muito mais profundo e isso me deixava bastante curiosa. Sem contar nas sensações que vibravam todo o meu corpo me deixando cada vez mais viva. Muito viva.
Tirou minha calcinha e suspirou. Essa foi a única vez que seus olhos deixaram os meus. Olhou-me inteira. Eu não sentia vergonha nenhuma quando estava com ele
-Se você fosse minha, estaria proibida de andar vestida ou de sair da minha cama!  -Uau! Meu Deus! Que tipo de louco seria capaz de manter uma mulher assim! Será? Uma onda de frio correu pela minha coluna até a minha nuca.  Pânico? Talvez! Ansiedade pelo o que ele era capaz de proporcionar-me? Suas palavras incendiavam-me e confundiam-me.
-Você vai entrar assim de calça? –perguntei olhando pra ele ainda vestido, com um ar de riso.
-Está rindo de mim Senhorita Campelo? Você sabe do que eu sou capaz, não sabe?
-Você não se atreveria novamente! –comecei a entrar em pânico.
-Não, eu prometi que não! Mas existem outras formas de castigá-la senhorita.
-Você não se atreveria novamente! –comecei a entrar em pânico.
-Não, eu prometi que não! Mas existem outras formas de castigá-la senhorita.
Tirou a calça entrou no chuveiro comigo. Não sei se foi impressão minha, mas as palavras “outras formas de castigá-la” deixaram transparecer satisfação em seus olhos. Será que ele curte esse tipo de coisa?
Ele pegou a esponja colocou sabonete líquido e começou a ensaboar-me. Primeiro o pescoço, braços. Me puxou pra si e afastou meus cabelos molhados ensaboando a parte de cima das minhas costas. Eu estava bem junto dele e dava pra sentir sua ereção aumentando. Seu cheiro. depois ele começou a ensaboar meus seios, delicadamente, para que eu sentisse a fricção da esponja na minha pele. Os bicos intumesceram-se e eu suspirei. Aquele com certeza, era um dos meus pontos fracos e ele já sabia disso porque concentrava-se em me torturar muito nesse local.
-Acho que precisa ensaboar aqui! –com o ponta da esponja bem no bico. E ainda fazia isso mordendo o lábio. –Aqui! –desceu pra minha barriga. Numa ato involuntário contraí-a. Suspirei. –E definitivamente aqui! –No meu sexo! Passou a esponja por toda a área até alcançar bem atrás. Prendi sua mão com as coxas. Eu já estava respirando com dificuldade.
-Acho que aí precisa do senhor! –Não estava mais aguentando.
Ele enrolou meu cabelo em sua mão e puxou minha cabeça pra si. Esse ato grosseiro me deixava muito excitada. A água do chuveiro sobre nós. E beijou-me. Nossas línguas encontraram-se e ele chupava como se do meu gosto dependesse sua vida. Mordia meus lábios e começava tudo de novo. Era difícil acompanhá-lo porque ele era feroz demais. Era melhor se entregar e deixá-lo fazer o que bem entendesse. Depois encostou-me na parede e foi descendo os lábio pelos meus seios. Sugou-os. Ah! É disso que eu gosto. Mordeu-os. Gemi e mostrei meus dentes pra ele. Ele riu. Desceu pela minha barriga. Levantou uma das minhas pernas e começou a me torturar com sua língua. Pra cima e pra baixo. Circulando. Pressionando. Prendendo. Minha nossa eu me debatia contra a parede e movimentava meus quadris de encontro a sua boca. Ele tentava prender-me parada junto à parede com uma mão agarrando minha cintura.
-Por favor, Antony, eu quero você! Agora!
-Diga como você quer Elise! Vamos diga-me. –falou com sua boca de volta junto a minha. Dava pra sentir meu gosto em sua língua.
-Com força!
Ele me pôs em seus braços e eu montei nele em pé. Em seguida me penetrou bem devagar. Nossa que homem forte! Quando pude senti-lo dentro de mim. Todo. Segurei em seus ombros e comecei a subir e descer. Cada vez que descia ele estocava com força. Entrando com tudo dentro de mim. Era assim que eu queria. Daquele jeito. Essa posição proporcionou ondas de prazer cadenciadas. E novamente estava lá, a sensação entre o prazer e a dor. E eu estava controlando com a respiração. Ele prendeu-me junto à parede e estocava mais rápido e com força. Eu gritava enlouquecida.
-Vamos Elise goze pra mim! Quero ouvi-la! Agora!
-Antony! -gritei seu nome num gozo surpreendente, arqueando a cabeça pra trás.
-Elise! –ele se derramou dentro de mim, maior e mais grosso.
Nossos rostos se encontraram e nossas bocas casaram o ato.
-Minha! Está ouvindo! Minha! Você é minha!
Ele saiu de dentro de mim e com cuidado ajudou-me a colocar um pé no chão. Depois o outro. Abraçou-me e disse:
-Está satisfeita?
-Eu nunca vou ficar satisfeita com você! Senhor Hill!
-Meu deus uma SEXHOLIC!
-Acho que uma HILLHOLIC, pra ser mais precisa. –Rimos.
Terminamos nosso banho. Enrolou-me numa toalha e enrolou-se em outra. Ele ainda estava excitado.
-Venha, vamos comer estou faminto!
-Vamos almoçar aqui. Depois a gente volta pra cama e testa sua teoria. –passei os dedos pelo cós da toalha que estava bem abaixo da sua cintura.
-Que teoria?
-A de eu ser uma sexholic!
-Disso eu não tenho a menor dúvida. Você fala e age como uma sexholic. Mas, eu estava pensando em fazer umas comprinhas com você. Quero levá-la pra jantar.
-Está me convidando pra sair Senhor Hill?
-Sim. A senhorita aceita?
-Acho que o Senhor sabe usar de armas pra me convencer! –pisquei meus olhinhos.
-Meu Deus! Ela é insaciável! –fingiu horror!
-Ainda é cedo! A gente pode ir mais tarde! Ok?
-Como a senhorita quiser! Estou aqui pra servi-la.
“Como é a conversa Hill? Servi-la? Não era pra ser ao contrário? Eu não estou me reconhecendo mais... estou falando coisas que jamais falaria pra uma mulher... pra uma escrava... você já quebrou regras demais seu babaca.”

*********

        “Olha ela ri enquanto dorme! –Antony! –e fala também. Bom saber que é meu nome que ela fala. Elise! Rosto perfeito. Nariz arrebitado, que fica muito mais empinado quando está me desafiando. E essa boca. Meu deus! Eu não canso de beijá-la. E esses olhos azuis. Parecem tão brilhantes. Tão inocentes! Não se engane seu babaca. E ainda tem algumas sardas, bem pequeninas, como eu não as tinha percebido antes? O que você quer de mim? Não é meu dinheiro! Não depois do que vi em sua conta bancária. E ainda tem o seu ex-marido. Que tipo de idiota poderia tê-la perdido depois de ser seu dono. Babaca. Isso é um jogo injusto Hill! Você sabe tudo dela e ela não sabe nada de você. Do tipo de vida que você leva. Do que faz com garotas como ela. Não como ela! Absolutamente! E eu não sabia muito dela. Ela ainda era um mistério. Um delicioso mistério. Principalmente pela sua reação ao castigo da privação.”
        -Oi!
        -Dormi muito? Você me cansou dessa vez!
        -Até que enfim! Mais ou menos uma hora.
        -Você não dormiu?
        -Preferi ficar observando-a.
        -Ah! Minha nossa, não vá me dizer que eu ronco. Eu não suportaria ouvir isso de você.
        -Ah! Mas ronca sim. –riu.
        -Não ronco não!
        -Não, não ronca. Mas fala e ri.
        -E o que eu disse? –Marcelo sempre dizia que eu falava. Será que ele também ficava me olhando? Por que eu estou lembrando daquele idiota?
        -Isso eu não confesso nem sob tortura.
        -Ah é? Vamos ver! – e pulei em cima dele.

**********

        -Você está linda com esse vestido. E esse cabelo assim. Só está faltando um coisa.
        Dizendo isso, ele tirou uma caixa de veludo do bolso do paletó e me entregou. Era um colar em ouro branco com um pingente simbolizando o infinito, com uma das voltas cravejada de pequenos brilhantes. Acompanhado dos brincos. Pequenos pontos de luz de brilhante. Nossa era muito delicado.
        -Antony! É lindo!
        -Deixe-me colocar.

***********

        Não sei dizer o porquê, mas ele preferiu ir dirigindo meu carro. Aproveitei e coloquei Duran Duran “A matter of feeling”.
        -Está querendo me dizer alguma coisa senhorita?
        -Não! Só gosto da música! –ri desconcertada.
        -Ah! Também gosto dessa música.

**********

        Chegamos ao restaurante e fomos direto pra mesa. Não pude deixar de perceber a forma como uma loira com cabelos, em estilo Chanel encarou Antony e como ele ignorou-a.
        -Vocês se conhecem?
        -Quem?
        -Aquela loira lá servindo a mesa dos fundos.
        -Não. Elise não a conheço. Estava olhando o quadro naquela parede.
        -Ah! –vou fingir que acredito. Meu bem foram dois anos de experiência. Eu linda de morrer ao lado e ele ainda me humilhava devorando as outras mulheres com os olhos.
        Roberta Flack cantava “And so it goes” ao fundo, num som bem ambiente. Era um lugar muito agradável. Fizemos nossos pedidos e eu pedi licença pra ir ao toilet.
        -Não dá pra esperar? –ele queria controlar até minha bexiga?
        -Não! Às vezes você é tão frustrante, Antony!
        -Só não quero ficar sozinho feito um babaca!
        -Preferia que você tivesse dito que ia sentir minha falta. –fechei a cara.
        -Se é pra ficar assim é melhor ir. –dá pra entender?
        -Eu volto rapidinho! –soltei um beijinho e ele sorriu.

***********

        Quando abri a porta do banheiro dei de cara com a loira. Ela analisou-me indiscretamente. Ignorei-a e fui direto fazer o que tinha que fazer. Ao sair, ela ainda estava lá esperando-me.
        -Aquele é o Antony Hill, não é?
        -Você já sabe que é porque pergunta? –Meus instintos nunca me enganam.
        -Você é a nova escrava?
        -Não faço idéia do que você tá falando!
        -Claro que faz! Só está fugindo as regras. Ele nunca sai com morenas. São sempre loiras de olhos azuis.
        Ela falava e eu retocava a maquiagem atenta, mas fingindo desinteresse.
        -Eu também ganhei um colar desses. Ele é muito generoso com suas escravas. Só que o meu, eu vendi. Sabia que dá pra compra um carro com essa coisinha aí.
        -Com licença!
        -Por favor eu quero te dizer algumas coisas sobre ele.
        -Você está maluca. Eu não estou interessada no que você tem a dizer.
        -Daqui a alguns meses você também vai estar maluca, porque ele simplesmente vai se cansar de você e arranjar outra. E começar tudo de novo. Foi assim comigo, e com todas as outras.
        -Que merda é essa?
        -Só vou te fazer um favor e te dar um pára-quedas pra que você não caia de cabeça.
        -Com licença! Acho que você está lendo livros demais.
        -Senhorita ele tem uma obsessão por uma ex-namorada chamada Marianne. E daí ele quer que todas nós fiquemos iguais a ela. Olhe só: a mesma cor do vestido e o mesmo penteado. Ela sempre usava coques.
        -Não tenho nenhum interesse em ficar loira!
        -Nem eu tinha! Mas, quando voltamos de Manhattan até minha sobrancelha estava loira e eu não me reconhecia mais. Acha que esses olhos são verdadeiros? Esse colar é seu símbolo. É uma coleira na nossa linguagem. Cada dominador tem seu símbolo. Ele faz parte de um grupo...
        -Por que você está me contando tudo isso?
        -Já falei! Ele é um amante excepcional. Vai testar todos os seus limites. Você vai fazer tudo o que ele quiser e quando menos esperar vai estar totalmente dependente desse homem.
        -Isso é loucura! Com licença!
        Saí sem sentir que estava pisando no chão. Meu Deus o que foi isso? Será?
        -Aconteceu alguma coisa?
        -Não, nada. –ignorei-o.
        Praticamente empurrei a comida garganta abaixo. Olhava-o atentamente, tentando encontrar um vestígio. Quer vestígio maior do que ele fez hoje com você? –repreendia meu inconsciente. Castigando-me. Meu Deus!
        Dessa vez Roberta Flack cantava “You are everything”.
        -Gostaria de dançar essa música com você! –ele disse. –E afastar qualquer coisa que esteja te incomodando. Abraçá-la, depois levá-la para casa e fazer amor com você.
        -Pare! Por favor! Podemos ir pra casa, estou com dor de cabeça. –estava muito tensa. E os olhos marejando.
        -Sim, claro. –olhou, analisando-me. Acho que meio preocupado.
        Saímos do restaurante e estávamos na calçada esperando o manobrista trazer o carro. Ele abraçou-me e pousou seus lábios sobre os meus.
        -Já estava com saudades dos seus beijos, do seu cheiro. –e me abraçou bem forte. Dessa vez não pude conter as lágrimas. –Elise, o que está acontecendo?
        -Nada, só quero ir embora!

*********

        Quando chegamos ao hotel, ele levou-me para o quarto. Entramos e ele continuou calado, observando-me. Eu não podia permitir que ele fizesse isso comigo. Afastei-me e comecei a tirar a roupa. Ele observava de longe se divertindo, abrindo um meio sorriso daqueles, mas eu estava furiosa. De repente comecei a rasgar as roupas, o vestido, a lingerie, as meias. Tirei os sapatos e joguei em sua direção. Fiquei totalmente nua na sua frente.
        -Elise, o que significa isso?
        Peguei minhas roupas e vesti-as. Ele tentou se aproximar.
        -Fique longe de mim! –ameacei-o.
        Tirei os grampos do cabelo, deixando-os cair sobre os ombros. Tirei os brincos e por fim peguei o colar com as duas mãos e arranquei do pescoço. Joguei em seu peito. Ele me olhava horrorizado com o que estava vendo. Mas, eu estava dominada por uma fúria muito grande.
        -Vá procurar outra idiota pra bancar sua Marianne. –peguei as chaves do meu carro e saí.

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