Acordei num sobressalto, quase afundando na banheira do meu apartamento novo.
Agarrei a borda pra me erguer. Pisquei e passei a toalha nos olhos.
Parecia um sonho, mas eu realmente estava aqui. Relaxei novamente e relembrei
tudo o que acontecera nos últimos seis meses na minha vida. Uma mudança
radical.
Após um casamento desastroso de dois anos, que acabou num flagra de uma traição
e um divórcio desgastante, a melhor parte é que tive a minha vida de volta. Era
hora de fazer por mim tudo o que eu sacrificara em nome de um falso amor.
ILUSÃO. FALSIDADE. MENTIRA. Todas essas palavras eram capazes de sintetizar a
vida que eu vivera nos últimos dois anos.
Senti um calafrio e uma pontada no peito, que eu conhecia muito bem: o medo da
solidão. Respirei fundo tentando afastar os fantasmas e me concentrar em tudo
de bom que eu queria fazer por mim. Uma recaída a essa hora, era concordar com
tudo o que não me satisfazia: sexo, amor, companhia. E Marcelo era sinônimo de
toda essa insatisfação.
O que o levou a me trair? O sexo ruim? Foram dois anos de dedicação a ele, a
seu escritório de advocacia e as várias tentativas de apimentar nossa vida
sexual. Tudo em vão. Ele simplesmente não me satisfazia e eu nunca havia tido
um orgasmo.
Eu sempre fui muito bem resolvida e em se tratando do meu prazer, nunca tive
limites em experimentar novas abordagens, mas, por mais que tentássemos, era
sempre frustrante: poucas preliminares e algumas estocadas. Às vezes eu até
contava... 7,8,9 e foi... o quê? Como assim? Já? Ás vezes ele nem olhava pra
mim, tamanha era a humilhação.
Um problema que poderia ser meu ou dele. Essa dúvida ainda me roubava as noites
de sono em meu quarto maravilhoso. No dia em que o flagrei mandando ver na
secretária nova: uma loirinha baixinha de vinte e quatro anos, a mesma idade
que eu, não sei se foi pelo flagrante ou se a cara que ela fez foi também de
insatisfação... Balancei a cabeça mais uma vez... Enfim, era hora de levantar e
me trocar. Era o primeiro dia na faculdade de Psicologia, o que eu sempre quis
fazer e havia adiado para me dedicar a sua carreira.
Escolhi uma calça jeans bem justa e uma blusa soltinha com detalhes dourados,
escarpins bege, minha handbag vermelha Michael Kors da coleção nova,uma boa maquiagem e eu estava
pronta. Sorri para mim diante do espelho. Gostei do que vi. É incrível como o
dinheiro pode fazer alguns milagres na vida de uma mulher meio perturbada.
Lembrei do meu carro novo: um Audi A5 preto. Demais. Mais um sorriso. É
obrigada Tia Margareth.
Margareth
era uma tia-avó do meu pai, que havia morrido um mês após o meu divórcio, com
então noventa e dois anos. Deixou uma herança de cinco milhões pra mim e um
casarão que mais parecia um castelo mal assombrado. Lembro-me muito bem dela. Da
última vez em que a vi eu tinha sete anos. Meu pai e eu tínhamos ido visitá-la.
Lembro de suas unhas enormes trançando meu cabelo de um lado e do outro. Ela
dizia enquanto trançava:
-Fui
eu quem pediu a seu pai para botar-lhe o nome de Elise. Você tem os meus olhos azuis. Segure o seu olhar cruzado com o de qualquer homem e ele cairá aos
seus pés. Elise você tem consciência do poder que traz dentro de você? Você é
uma menina muito linda. Nunca permita que um homem a possua, estando você de
regra. Isso a tornará ligada a ele para sempre. Lembre-se: sempre sozinha,
sempre sozinha, sempre sozinha...
E me
embalava em sua cadeira velha de balanço. Eu repetia junto com ela “sempre
sozinha, sempre sozinha...” –isso mesmo meu bem! – dizia ela.
Na
verdade eu morria de medo dela. Achava que ela era uma bruxa por causa das
unhas enormes. Credo! Olhei pra minha sala do tamanho do meu antigo
apartamento. Esse era um sonho e eu estava bem satisfeita por ter dado carta
branca a decoradora. O resultado tinha sido incrível. Fui até a cozinha.
-O
que vai querer comer senhora? – perguntou minha governanta.
-Não
quero nada Teresa, eu vou comer alguma coisa na faculdade! Obrigada! Estou
atrasada!
Desci
até o estacionamento e entrei no Audi A5, coloquei meu Ipod e ao som de A-ha “Take
on me” saí detonada. Aumentei mais ainda o volume assim que começou “All around
the world”, Oasis. Nossa! Que trânsito! As pessoas dos carros ao lado olhavam
pra mim por causa do som alto, daí eu percebi os vidros abaixados. Sinônimo de
perigo com esse tipo de carro.
Virei
a direita, rumo rua da faculdade e a esquerda dando a volta no contorno para
entrar no estacionamento do prédio. Percebi que à frente havia uma espécie de
blitz, bem em frente da faculdade. Ainda com Oasis, mal tinha começado "Stand by me" quando senti uma batida atrás no meu carro, bem em frente à blitz.
Os
policiais sinalizaram, parei no acostamento, fula da vida. E saí do carro.
-Meu
Deus como alguém pode ser tão desatento! – Foi então que vi o meliante. Uau!
Que meliante! Que gato! Que gostoso! –Bem, não era pra você estar brava? –
perguntou meu inconsciente.
Ele
veio se desculpando com os policiais e explicou alguma coisa sobre a pressa de
ir ao hospital, porque sua ex-mulher havia cortado os pulsos e mais alguma
coisa que eu não lembro se ouvi, na verdade eu estava envolvida demais em
admirá-lo que nem filtrei o que ele dizia. Que lindo! Com cara de preocupado,
muito preocupado, mas muito lindo! Alto, forte, másculo, com cara de homem,
daqueles que você precisa ficar na ponta dos pés pra abraçá-lo pelo pescoço.
Adoro homem assim. Dominador. Decidido. Seguro de si. Detesto homem frágil, com
cara de gay. Esses, só pra amigos. Só então ele se virou e se desculpou comigo!
Quando nossos olhos cruzaram, não sei o que me deu, mas eu não pude segurar o
olhar e desviei, abaixando-o meio envergonhada. Que merda é essa agora? Eu
nunca fui assim... Ele entregou um papel com o nome e o telefone aos policiais
e disse que ia cuidar de todo o prejuízo, mas que precisava ir. E saiu. Ele
conhecia um dos policiais que o liberou e me chamou pra conversar. Ah!
-Olá!
Eu sou o Sgt. Drill e quero saber se você vai fazer uma ocorrência formal? Eu
conheço o Dr. Mauro e sei que ele vai arcar com todo o prejuízo.
-E é
assim que funciona? –perguntei atrevida.
-Não,
mas nós podemos dar a complicação do tamanho que quisermos a esse tipo de ocorrência.
Vejamos o seu carro: amassou um pouco. Não foi muita coisa! Deve levar um dia
na autorizada e pela marca do carro, com certeza, ela deverá liberar outro pra
você estou certo?
-Sim!-
respondi secamente.
-Então
o que prefere?
-Tudo
bem! O que eu faço?
-Aqui
está o nome e o telefone do Dr. Mauro. Você só tem que agendar o serviço e
ligar pra ele comparecer lá e assinar a ordem de serviço.
-O
senhor parece bem perito nesses casos!
-Todos
os dias estamos lidando com esse tipo de coisa: a pressa, uma preocupação, uma
distração e aí alguém com a cabeça mais quente... tem haver alguém para
contornar a situação. Aqui está Sra., Srta. – olhou pras minhas mãos, depois
pra minha carteira de motorista – Srta. Elise Campello- e me estendeu o papel.
– Belo nome!
-Obrigada!
– agradeci, dessa vez com a cara de chateada. Entrei no carro e fui pra
faculdade. Olhei pro papel:
|
Olhei
o relógio: 8:30 – Merda! Que atrasada!- conferi meu horário e segui direto pro
elevador, sala 307, terceiro andar. Bati à porta, pedi licença e perguntei ao
professor se podia entrar.
-Você
está matriculada nesta disciplina? – perguntou ele.
-Sim!
– confirmei.
-Então
a senhorita deve saber a hora que essa aula começa.
-Precisa
mesmo disso professor? – desafiei-o.
-A
menos que tenha uma desculpa plausível, não poderá assistir a essa aula.
-Eu
tenho! – rebati.
-Pago
pra ver! – ele rebateu.
“Eu
mereço, pensei”. A essa altura do campeonato a sala lotada aguardava o desfecho
da história. Respirei envergonhada e comecei.
-Eu
me atrasei porque bateram no meu carro, quando estava a caminho daqui. Ocorreu
bem aí em frente!
-Ah!
Uma batida! Nada criativo senhorita! Posso te dar outra chance! – nisso ele
virou a cabeça de lado e abriu um meio sorriso meio maroto, muito charmoso. O
quê? Ele estava flertando? Vou entrar nessa, pensei.
-Bem,
o meu carro está lá no estacionamento e acredito que os policiais ainda estejam
lá embaixo. Quer conferir se eu estou mentindo? - pisquei duas vezes pra ele.
Ele
alinhou os lábios, meio contrariado e disse:
-Sente-se.
Virei-me,
dando as costas a ele e encaminhando-me para a turma, revirei os olhos e a sala
toda riu. Ri também. Como quase todos os lugares estavam ocupados, fiquei
parada na frente procurando um, foi quando ouvi um psiu!
-Vem
cá, tem um lugar aqui!
-Ah!
Obrigada! Oi, eu sou Elise.
-Oi!
Gilian.
Nisso
meu celular tocou bem alto “one, two three” da Britney Spears.
-Porra!
– olhei pro professor e gesticulei as palavras “Foi mal”. Desliguei-o.
-Assim
que a senhorita atrasadinha permitir, posso continuar a minha aula? - disse
ele.
-Por
favor e desculpe mais uma vez! –respondi.
Virei-me
pra Gilian e perguntei baixinho:
-Qual
é a dele?
-É o
Dr. Stanton. Walter Stanton, brasileiro, mas filho de americanos, doutor em
Psicologia pela Universidade da Califórnia. Um gato, mas muito mal-humorado.
Acho que ele estava flertando com você!
-Também
achei! – rimos.
Ficamos
bem amigos e todos os trabalhos e seminários fazíamos juntos. Gilian completava
meu lado gay e ríamos juntos de tudo. Foi um verdadeiro casamento espiritual.
Íamos as baladas, dançávamos, bebíamos e eu até passara a frequentar sua casa e
ele a minha. Gilian resgatava esse meu lado descontraído, despojado e vívido de
liberdade. Numa dessas baladas, ele criou coragem e me apresentou ao seu
namorado, um moreno alto e de olhos verdes. Martin. Quando ele se afastou,
Gilian disse:
-Pensei
que você fosse ficar chocada?
-Por
você ser gay?
-É!
Não esperava que você fosse tão legal e deixou Martin bem à vontade.
-Meu
bem eu to é com inveja desse gostoso que você achou. Rimos juntos.
-Estamos
juntos há oito meses! Ele é um sonho. Carinhoso, sempre tão preocupado comigo.
Só que é casado!
-Nossa!
Que furada, Gilian!
-Pois
é!
Percebi
sua tristeza e tratei de puxá-lo pra pista de dança. Estava tocando Lady
marmelade, mixado com uma batida techno. Voltamos pra mesa, as meninas já
tinham voltado e todos estávamos rindo. Gilian estava ansioso percorrendo os
olhos pela boate. Talvez procurando por Martin.
-É
acho que o senhor “dono de casa” já foi. Meus planos pra um sexo selvagem já
eram! Rimos.
Como
eu estava na ponta da mesa, senti alguém se aproximando por trás. Era um
garçom, lindo de morrer, com uma bebida na bandeja. Ele cochichou bem no meu
ouvido.
-Com
licença senhorita, aquele senhor ali – apontou pro outro lado da área vip. Lá
estava o cara mais lindo que já vi. Parece que havia pulado de um anúncio de TV
direto pra aquela mesa. – É o senhor Antony Hill. Ele é de Manhatan e está
encantado com a senhorita – olhei pra ele, que me cumprimentou levantando seu
copo. Sorri. Que sexy! E o garçom continuou:
-Pelos seus acompanhantes! É! – ele engasgou depois limpou a garganta e continuou –
Não se ofenda, mas ele quer saber se a senhorita é mulher! – disse quase sem
respirar.
Isso
tudo porque eu estava acompanhada de Gilian e duas amigas dele que eram
travestis. Não consegui conter a gargalhada que dei, balançando meu cabelo
quando joguei a cabeça pra trás.
-Ora!
Por que ele não vem conferir!
Eu
devolvi a bebida a sua bandeja e o garçom se afastou, dirigindo-se a ele. Falou
alguma coisa em seu ouvido. Antony pegou o copo e dirigiu-se a nossa mesa.
Nossa! Meu coração disparou. Que andar mais sexy! Que meio-sorriso de foder com
os sentidos de qualquer mulher! Sem tirar um minuto os olhos de mim, ele vinha
em minha direção, como um felino em busca da caça. Rapidinho coloquei Gilian a
par da situação. Que também aguardou ansioso a sua aproximação.
-Hi!
-Hi!
– afastei-me pra ele sentar do meu lado.
-Your
drink!
-Thanks.
– senti sua mão na minha coxa, subindo, subindo e depois descendo pro vão entre
elas, até tocar-me ali. Olhei pra ele, com os olhos de surpresa. Ele continuava
com aquele meio-sorriso. Respirei fundo e quando ele alcançou seu objetivo, eu
afastei um pouco mais as pernas. Gilian observava tudo estupefado. Viramos
nossas bebidas de uma só vez.
-What do you doing? – perguntei.
-Conferring.
-And? Do you find what do you want? – falei
ofegante.
-Something
much special.
As
meninas não percebram nada. Ele puxou a mão e eu movi as pernas prendendo-a.
Não sei o que deu em mim. Ele sorriu e disse;
-Do
you like it?
-Very
much! – respondi e abri as pernas da forma mais sexy que uma mulher possa ter
feito sem desviar um minuto os meus olhos dos deles. Ele continuou me
massageando, meio indeciso se parava ou se continuava.
Percebendo
a situação, Gilian tratou de levar as meninas para a pista. Antony tirou a mão
e disse que eu tinha o cheiro e o gosto maravilhosos. Em nenhum momento
descruzamos nossos olhares. Aquilo que ele falou foi tão, tão medieval que me
deixou excitada ainda mais. Pela primeira vez desejei ter um homem dentro de
mim. Uma vontade louca de foder tomou conta dos meus sentidos. A mesa em que
estávamos era de canto, o que nos dava toda uma privacidade, mas eu não estava
nem aí.
Ele
agarrou minha nuca com uma das mãos, posicionando minha boca do jeito que ele
queria e abocanhou-a num beijo selvagem. Era um dominador nato. Sua língua
passeava dentro dela até encontrar com a minha e as duas começaram uma luta
frenética. Ele chupava minha língua de um jeito que ninguém fez. Deixei escapar
um gemido. Sua outra mão desceu até o meu sexo. Ele empurrou a calcinha e entrou com um dedo em mim. Coloquei uma perna em cima da sua pra facilitar o acesso.
Ele já estava com dois me massageando e o seu polegar circundando meu clitóris,
enquanto seus dedos entravam e saiam. Eu estava toda molhadinha, totalmente
entregue. Não sei se foi pelas bebidas, mas havia uma ânsia em sentir aquelas
sensações pela primeira vez. Era tão bom. Tateei seu membro por cima da calça.
Uau! Era enorme e ele estava tão excitado quanto eu. Agarrei-o. Ele parou de
chupar minha língua, sorriu, mordeu meu lábio inferior e disse:
-You’re hot!
-Don’t stop, please.
Ele
continuou movimentando seus dedos, enquanto falava ao meu ouvido, o quanto eu
era linda, apertadinha, que queria me chupar inteira e fazer-me gozar em sua
boca. Que eu tinha o cheiro de sexo. Ele enfiava cada vez mais rápido, bem
profundo me tocando num pontinho enlouquecedor. Senti uma espécie de cólica e
comecei a me contorcer. Meu sexo ficou rígido e começou a latejar em seus
dedos, apertando-os.
-Waw!
– ele sussurrou em meu ouvido. Eu não sei quantos dedos estavam lá dentro, só
sei que fechei os olhos e perdi os sentidos. Abra os olhos! Olhe para mim!
Quero ver você! Ele sussurrava em meu ouvido! Gemi e uma onda de sensações
invadiu meu ventre, um místico de dor e prazer, seguido de um relaxamento de
todas as minhas células. Não consegui ver seu rosto, embora eu estivesse com os
olhos abertos. Gemi alto e ele abafou com um beijo. Fui alto a alguma montanha
e pulei de bung jump, sem amarras. Uau! Isso é gozar? Ri freneticamente pra
ele, que sorriu surpreso pra mim.
-Come
on! I want fuck you now! – e me puxou pela mão boate a fora.
Muito interessante e totalmente instigante...Parabéns!bjosss.
ResponderExcluirPaula Amanda.
Obrigada amiga! Lady
ResponderExcluirLadyjane não li tudo mas vou ler, o que li achei muito interessante. Onde muitas pessoas vão se interessar vão se ali e tambem saberão reverter aquele momento. Adorei!!!! PARABENS AMIGA.
ResponderExcluirHALLEN!!
quantas criatividade e sensualidade nessas linhas ariscas do prazer... um texto gostoso de se ler! Você está de parabéns amiga, precisamos de muitas pessoas habilitadas assim como você... Vá em frente e publique logo, porque eu estou curiosa para saber o desfecho dessa história.
ResponderExcluirMuito bom adorei!!!
ResponderExcluirSem contar puxa vc pro proximo capitulo...
Parabéns!!
Raquel.