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Chegamos a Manhattan por volta das 17h e fomos direto pra sua cobertura na Upper West Side. Era enorme e luxuosamente decorado em muitos tons de branco. Sofás, objetos decorativos, lustres, paredes. Claro que contrastava com outras cores, mas o tom de branco sobressaía-se. Transmitiu-me paz. É isso aí. O lugar certamente tinha uma energia agradável. Olhava curiosa tudo ao redor, de repente meus olhos encontraram-se com os seus e ele fitava-me ansioso.
-Gostou?
-É lindo Antony! E me transmite paz!
-Paz?
-É. Não sei dizer! É muito agradável estar aqui. Parece que eu já esperava essa cor ou essa cor esperava por mim.
-O que você está falando Elise? –disse ele meio confuso.
-Só estou dizendo que gostei da decoração.
-Ah! –ainda meio confuso! –Venha, vou apresentar-lhe a minha Teresa.
-Você também tem uma Teresa?
-Não! –ele riu. –Seu nome é Jasmine.
Uau! A cozinha era perfeita, totalmente moderna e futurística.
-Jasmine, essa é Elise.
-Prazer em conhecê-la! –disse uma senhora gordinha mais ou menos da minha altura e muito risonha.
-O prazer é meu. Que bom que fala português.
-Ah! Meu bem eu tive que aprender com tantas... –ela parou por um momento, como se tivesse arrependido-se ... -pessoas do Brasil trabalhando pro Senhor Hill.
-Que bom!
Percebendo a situação, Antony me pegou pela mão e disse:
-Vamos pro quarto. Você deve estar exausta.
Na verdade não estava não, afinal voar oito horas na High Class tem lá seu conforto.
-Senhor Hill eu preparei o quarto de hóspedes vizinho ao seu.
-Não quero esse! Elise vai ficar na minha suíte.
Ela ficou chocada, pelo menos foi essa a reação que pude ler em sua cara. Eu não entendi a situação, mas... Deixei-me conduzir por ele. Ao entrar, deparei-me com uma cama enorme. Meu Deus dava pra dormir quatro pessoas. Era igualmente luxuosa e espaçosa. Fiquei me perguntando por que ele precisava de tanto espaço?
-Elise quero levá-la a um lugar hoje à noite.
-Onde?
-A uma de minhas boates. Chama-se Scape. Quero que conheça um pouco do mundo ao qual eu estava acostumado, para que enfim, algumas perguntas que ainda estão remoendo essa cabecinha, possam ser respondidas.
-Antony já falei que não interessa o que você fazia antes de me conhecer.
-Eu insisto. –ele parecia irredutível, então era melhor silenciar porque começar uma briga não ia levar a nada.
-Tudo bem. Quero tomar um banho, mas antes...
Me joguei na cama enorme.
-Meu Deus Antony pra que tanto espaço?
-Agora ela não vai parecer mais tão grande! –Oint! Se isso foi porque eu estava nela, eu não poderia ficar mais feliz.
Pegou-me pelos tornozelos e puxou-me para fora da cama.
-Venha estou exausto e preciso que você me dê um banho.
Ah! Então era ele quem estava exausto!
-Deixe-me ajudá-lo a tirar a roupa.
*************
Após o banho estávamos deitados na cama...
-Quer saber da programação pra amanhã?
-Sim. O que nós vamos fazer? –entusiasmada.
-Desculpe honey, mas vou cedo pra empresa porque tenho uma reunião muito importante. Uma aquisição que renderá muitos milhões. Provavelmente passarei o dia inteiro lá. Só voltarei à noite.
-E eu? –faço beicinho.
-Não faça isso novamente! – tão mandão.
-Por que?
-Me dá vontade de morder. –Ah!
-Você pode ficar em casa. Aproveite pra dar uns telefonemas. Ver seus emails. Ir ao shopping. Mathew pode acompanhá-la. Ele conhece Manhattan como a palma da mão.
-Parece meio tedioso.
-Eu prometo que vou recompensá-la.
-Tudo bem. Antony, sobre hoje eu estive pensando...
-O que tem hoje? Vamos à Scape.
-Acho que não deveríamos ir... Quer dizer, não sei se quero ver isso...
-Relaxe Elise.... o lugar é ótimo. Nós vamos nos divertir muito. Confie em mim.
-Tudo bem! –é melhor não dizer nada, ele realmente quer ir.
-Quero que vá pedir a Jasmine pra preparar um jantar pra gente.
-Ok! Sim Senhor Hill. – ri.
-Olha que eu posso acostumar-me com esse tratamento. –e deu uma palmadinha na minha bunda.
Quando aproximei-me da cozinha, Jasmine estava conversando co Mathew.
-Ela é muito linda morena. Não sei se ficaria legal loira...
Ah! Então a louca tinha razão. Tossi e entrei.
-Desculpe! Eh!... Jasmine, Antony pediu pra preparar um jantar pra gente. Acho que ele prefere jantar aqui hoje.
-Sim, senhorita. Alguma preferência? Senhor Hill e suas mudanças de atitudes, eu não canso de surpreender-me. –isso foi pra você, advertiu meu inconsciente.
-Não. Confio em você. Aliás, você conhece-o melhor que todos nós, não é?
Saí rapidamente, sentindo-me apunhalada pelas costas. Então é isso? É tudo parte de um plano pra deixar-me parecida com sua ex-namorada? Oh! Não. Antony! Não consigo acreditar. Quando voltei, ele estava no escritório ao telefone. Fui pro quarto pensar um pouco e acabei adormecendo.
-Ei dorminhoca! Acorde!
-Oi!...
Ele envolveu-me num abraço carinhoso e beijou-me ternamente os lábios.
-Eu já estava com saudades! –disse ele com a boca colada em um dos meus seios. – Veja trouxe um vestido pra você usar hoje.
Na cadeira tinha um lindo vestido “vermelho” e sandálias da mesma cor.
-Vermelho? –não pude conter.
-Não gosta? –perguntou confuso com minha pergunta. –Me faz lembrar a primeira vez que te conheci. –Ah.
Piscando várias vezes é que pude notar que ele já estava todo vestido. Nossa! Quanto tempo dormi? Pulei da cama e corri pro banheiro tinha que ser rápida.
-Estou no escritório! –disse Antony e saiu.
Pouco tempo depois eu já estava pronta. Com uma cara-de-pouca-conversa por causa do vestido é claro.
-Nossa Elise você está linda!
-Obrigada!
-Nesse local acho que vamos precisar disso aqui... –ele ergueu aquele colar entre os polegares e os indicadores... –que tomei a liberdade e mandei consertar.
Essa é demais! Esse maldito colar! Dei as costas e encaminhei-me para o outro lado, deixando a cama entre nós.
-Mandou é? Aposto que você deve ter uma gaveta em algum lugar com dezenas de coleiras como essa. Não vou deixá-lo colocar isso em mim.
Sua expressão era de profundo desapontamento. Seus olhos escureceram e sua mandíbula tremia. Ele estava furioso. Eu já conhecia essa cara. Ele simplesmente passou os outros dedos por dentro do colar e arrebentou-o. a força que ele fez foi tamanha que assustou-me. Juntou os pedaços e arremessou pra lixeira do banheiro.
-Depois não diga que não avisei! –e saiu do quarto deixando-me sozinha.
Nossa! O que foi isso? Que reação mais inconstante. Senti um bolo formando-se em minha garganta. Peguei o casaco, a carteira e saí. Na sala, ele passava as mãos pelos cabelos exasperado. Quando ouviu meus passos, posicionou-se a porta e abriu-a.
-Não vamos jantar primeiro? –não sei como, mas perguntei.
-Não. Já estamos atrasados demais. –ele nem olhava pra mim, tamanha era sua raiva.
Passei por ele rumo ao hall que dava acesso ao elevador. Já estávamos descendo quando perguntei:
-Tem certeza que ainda quer ir? –que clima estranho! A noite certamente já estava estragada.
-Devia ter feito essa pergunta quando ainda estávamos no quarto. –falou frio com a porta à frente.
Parei o elevador e apertei o botão que dava acesso à cobertura. Quando o elevador começou a subir, ele parou-o e apertou o botão da garagem. Merda! Isso não vai acabar bem. O bolo estava cada vez maior e minha garganta estava seca. No carro ele não me tocou nenhuma vez. Uma vez ou outra o olhava de relance e via sua mandíbula tremer. Ele continuava zangado. Paramos em frente a um prédio de dois andares e uma fila espantosa dava a volta no quarteirão aguardando a entrada. O manobrista ao reconhecer o logotipo da empresa de Antony veio logo atender-nos e abriu a porta pra mim. Antes de sair Antony disse:
-Vista seu casaco! – uma frase fria e seca.
Ele agarrou minha mão e conduziu-me. Pelo menos um toque! Passou pela fila, enquanto olhares curiosos eram lançados para nós.
-Natan!
-Mr. Hill!
Entramos. Meu deus! O que era aquilo? O lugar era muito sofisticado e moderno. Um DJ tocava ao fundo e acenou pro Antony quando o viu. Seguimos direto por elevador e não pude notar os olhares voltarem-se pra nós, principalmente pra mim. Fomos pro segundo andar, área vip, imagino! No elevador, Antony apertava minha mão com força como se quisesse dizer alguma coisa, mas estava frustrado demais. Dava pra sentir. Eu também estava e nem conseguia olhar pra ele. Cada vez que ele apertava, meus olhos marejavam. Será que estamos tendo nossa primeira briga de verdade? Por que não conseguimos olhar um pro outro, depois de fazermos amor daquele jeito no banho há poucas horas? Antony, por que você gosta dessa vida? Finalmente chegamos à mesa. Ele conduziu-me pro fundo e prendeu-me sentando à ponta. Comecei a olhar ao redor, tentando evitar o contato visual. Mulheres com coleiras de todas as cores, exibindo símbolos dos mais diversos. Muitas acorrentadas e sendo conduzidas por seus Senhores, imagino. Homens com duas, três escravas. Mulheres exibindo escravos. Isso tudo era demais par mim. Eu realmente não queria estar ali
-Ei! Olhe pra mim! Você é a mulher mais frustrante que já conheci. –essa não. –Ei eu já consegui dissipar minha raiva. Vamos Elise!
Não conseguia. Meus olhos estavam prestes a derramar.
-Vamos olhe para mim! Tente Elise! –ele insistia.
Comecei pelo seu peito e vi sua respiração ofegante. O bolo na garganta me sufocava. Segui pro pescoço, queixo, boca, nariz e antes de alcançar seus olhos os meus se derramaram, solucei.
-Oh! Meu deus Elise! – e mais uma vez sufocou meu soluço num beijo apaixonado. Enxugou minhas lágrimas e disse:
-Não quero mais brigar com você! Parece que eu vou morrer! Desculpe-me!
-Também não quero! Desculpe-me.
-Nós somos dois babacas.
-Excuse-me! Wow! You’re a pretty woman. (Com licença! Uau! Você é linda!) –disse um velho asqueroso, vestido com uma roupa de couro preta. Arghhhh.
-Sorry, Mr. Eliot, but she’s mine. (Sinto muito, Senhor Eliot, mas ela é minha.)
-I’m sorry, Mr. Hill! Have a good night! (Desculpe, Senhor Hill. Tenha uma boa noite!)
-O que foi isso?
-Eu te falei. Vir aqui desprotegida assim, é um perigo!
-Você quer dizer sem a “coleira”.
-É, Elise. Sem a “coleira”.
-Estou com fome Antony!
-Ah! É claro! -Fez um gesto e o garçom veio nos atender.
E assim o nosso jantar foi interrompido mais duas vezes, sendo que a última era uma mulher.
-Honey, você está balançando com os padrões de todos desse grupo.
Na quarta interrupção eu não aguentei.
-Com licença!
-Olha cara! É o seguinte: eu sou dele e não to a fim de ficar com você cai fora.
-Desculpe senhorita o que disso?
Antony ria da situação.
-Elise, esse Bernard! Ele trabalha pra mim.
-Oh... desculpe-me.
-Sem problema...Está sendo muito incomodada? Não devia tê-la trazido aqui Antony! –riu e olhou-me bem nos olhos. Só Antony olhava pra mim daquele jeito. Fiquei desconcertada com a intensidade daquele olhar. Não gostei desse cara. E Antony certamente percebeu, porque pousou a mão sobre meus joelhos numa atitude de posse. Sabe aquela bem machista. Tipo macho alfa.
-E aí cara, pronto pra amanhã? –dirigindo-se finalmente pra Antony...
*********
Acordei sentindo uma enorme dor no peito direito. Antony estava em cima de mim, esmagando todo o meu lado direito. Estava quente, embora estivéssemos descobertos. Sua perna direita dobrada estava entre as minhas, de forma que os pelos de sua perna alcançava meu sexo fazendo cócegas. Sua mão direita agarrava meu seio esquerdo, sua outra por baixo do travesseiro, sua cabeça enterrada no meu pescoço. Minha coluna doía. Passei as mãos pelos seus cabelos e costas tentando acordá-lo.
-Ei Antony! Meu peito está doendo!
-Hã?... O que?
-Meu peito!
Ele apoiou-se nos cotovelos e levantou-se um pouco. Nisso suas pernas moveram-se provocando cócegas lá. Ri.
-Por que tá rindo?
-Seus pelinhos da perna.
Ele devolveu seu peso pro outro lado do meu corpo.
-Ah não Antony! Vamos ficar de conchinha.
-Não! Quero dormir em cima de você!
-É desconfortável e eu preciso beber água.
Relutante ele saiu de cima de mim e eu levantei-me massageando meu seio doído. Aproveitei e vesti a camisa do seu pijama. Bebi água e voltei, passando por cima dele e deitando ao seu lado. Ele esperou e ficou em cima de mim de novo.
-Ah não!
-Que porra é essa Elise? Tá vestida?
-É sua camisa!
-Não! Quero você nua! – e tirou a camisa. Ah!
-Me deixe dormir em cima de você!
-Vem!
Tentei aninhar-me em seu corpo, mas a verdade é que nenhum de nós estava acostumado com aquilo. Após algumas tentativas, desisti. Sem contar no desejo que estava pairando com toda aquela esfregação. Montei nele e disse;
-Vem logo Antony! Vamos resolver logo isso!
-O que você quer Elise?
-Não se faça de bobo!
-Você é insaciável! –e escondeu a cabeça com um travesseiro.
-Ah! Eu sei resolver isso rapidinho. Você está em desvantagem e eu estou por cima. –movimentei meu quadril sobre sua ereção.
-Epa! Onde aprendeu a mexer desse jeito? –funcionou.
-Eu tenho um excelente professor.
-Hummm. Você me deixa louco! Consegue alcançá-lo sem as mãos? –falou com boca junto a minha.
-Só com o quadril? –estava ofegante. –Assim? -quando alcancei, ele levantou meu quadril e mudou a posição.
-Você é um perigo senhorita! O que você quer? Diga!
-Vamos foder até perder os sentidos. Assim a gente não se preocupa com posição pra dormir...
************
Quando acordei Antony já havia saído pra empresa. Tomei meu café da manhã e resolvi mandar alguns emails do escritório dele. Peguei meu celular e tinha uma mensagem dele.
"Bom dia senhorita! Acho que não conseguimos chegar a um acordo ontem, portanto, continuaremos hoje. VC nua = EU por cima."
Será que ele está em reunião? Acho que vou provocá-lo um pouquinho.
"Bom dia senhor! Vá sonhando! VC nu = EU por cima."
Mensagem dele:
"Até que enfim acordou!"
"E voltei pra cama de novo!"
| |||
"Por quê?"
"Aqui é chato sem você!"
"Estou trabalhando!"
"Essa cama parece tão grande sem você!"
"Está flertando comigo senhorita? Isso é um convite pra eu ocupar o meu lado na minha própria cama?"
"A verdade é que eu estou no seu lado da cama."
"Por quê?"
"Tem seu cheiro! Assim como sua camisa."
"Teimosa! Ainda está vestida com meu pijama?"
"E sem calcinha..."
"Pare! Eu sei o que você quer fazer! ESTOU TRABALHANDO!"
"Estou ficando com TESÃO. Mto TESÃO."
"SAIA JÁ DESSA CAMA!"
"Vem aqui..."
"ELISE SAIA JÁ DAÍ!"
"Ahhhhhh....."
"O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO?"
"Vem logo!"
"VOCÊ ESTÁ PROIBIDA DE SE MASTURBAR!"
-Senhor Hill vamos fazer uma pausa de cinco minutos daí retomaremos desse ponto.
-Ótimo preciso dá um telefonema da minha sala. Já volto.
Nossa que susto! O celular tocou. É ele. Meu amante controlador.
-O que você tá fazendo?
-Hummmm!
-Pare com isso Elise!
-Ohhhhh!
-Não quero que se masturbe. Quero seu prazer só pra mim. –Ah! É isso então!
-Oh! My god!.... Antony.... Ah!.....hahahah...te peguei.
-O quê? Você tá brincando?
-Claro! Relaxe meu bem!
-Onde você está?
-No seu escritório. Se quer saber o celular está na mão esquerda e a mão direita... bem a mão direita está no teclado.
-Bom saber porque essa sua brincadeirinha me deixou com um baita tesão. Então eu vou ali, aliviar-me um pouco.
-Antony, pare já com isso!
-Oh honey. Será que você não faz idéia do efeito que causa em mim?
-Pare Antony! Volte já aqui! Não faça isso!
-Gostosa!
E desligou. Que filho-da-mãe, desgraçado. Conseguiu virar o jogo. Bem feito pra você sua babaca.
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