quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Capítulo 10


10

No avião...

        Após acomodar-me, peguei meu volume de “Cinquenta tons de mais escuro” e comecei a ler, mas antes de terminar a primeira linha, comecei a chorar... Lembrei de tudo o que vivi com esse homem. Como ele me fez feliz, completa e realizada. Ele completa-me em todos os sentidos... Lembrei do que ele falou agora a pouco: “Estou com medo do que estou sentindo”... Eu também estou! Como ele pode querer ficar longe de mim. Acho que vai ser melhor assim! Vai? Não sei responder, mas preciso estar preparada pra nunca mais voltar a vê-lo. Meu Deus! Pensar nisso faz meu corpo todo formigar. Sinto frio. Nunca me senti tão sozinha. É como se faltasse uma parte de mim.

        -Are you OK? –olho pro lado e vejo um homem muito bonito.

        -Yes! –ele olhou pro meu livro e disse:

        -Você é brasileira?

        -Sim.

        -Eu sou Geovanne Gentille.

        -Olá, eu sou Elise.

        -Muito prazer!

        -Prazer. Desculpe se o incomodei.

        -Absolutamente. Ele é um cara de sorte.

        -Quem?

        -O cara que a fez chorar assim.

        -Como você sabe que se trata de um cara? –aceito o lenço que ele oferece.

        -Sei lá. Acho que pela sua tristeza. Ele deve tê-la magoado profundamente e pra fazê-la chorar assim, você deve gostar muito dele.

        -É tão óbvio assim?

        -É sim! –rio. –Está sentindo-se melhor?

        -Sim, obrigada. Você não é brasileiro, falo isso pelo seu sotaque.

        -Não. Sou italiano, mas parte minha família mora no Brasil. Eu sou modelo, na verdade me formei em arquitetura, mas sempre trabalhei como modelo...


Em Manhattan...


        -Pra casa senhor Hill?

        -Sim Mathew. Quero que você volte pro Brasil amanhã e fique de olho nela.

        -Sim Senhor Hill.


***************


        -Jasmine estou no escritório.

        -Ué! Onde ela está?

        -Ela foi embora. Vai ser melhor assim.

        -E o senhor está sentindo-se melhor?

        -Não!

        Jasmine revira os olhos, balança a cabeça em negativa e vai par cozinha. Antony a observa.

        -O que? Jasmine volte aqui!

        -Não mesmo. O senhor é bem crescidinho. Nem venha brigar com essa negra velha.

        No escritório, Antony trabalha um pouco, para e pensa em Elise. Trabalha, para e pensa. Trabalha, para e pensa.

        -Que merda! Não consigo me concentrar. –passa as mãos pelos cabelos, balança a cabeça como se quisesse afastar as lembranças e decide voltar ao trabalho. Lá fora Manhattan esfria cada vez mais. Em sua luta interna de tentar fugir dos pensamentos em Elise, Antony começa a sentir que está cada vez mais difícil ignorá-los. Está suando e decide tomar um banho.

        Ao entrar na suíte fecha a porta atrás de se e olha pra cama, lembra de como ela se jogou no dia em que chegaram. Ri. Pega o travesseiro do lado dela e sente seu cheiro. É! Ainda está ali, como também no seu travesseiro. Decide mandar trocar a roupa de cama, mas antes vai tomar um banho.

        No banheiro, lembra-se do banho que tomaram juntos, escorrega pela porta e senta-se. Está tudo tão vazio! Sem graça! Localiza um ponto brilhante em baixo da pia, ao alcançá-lo vê que se trata do colar. Aperta-o na mão e observa uma caixa de veludo na lixeira. Pega-a e olha surpreso para o conteúdo: algemas, chicote, máscara e umas bolinhas. Quem colocou isso ali? Pergunta-se. Então se lembra de que ela estava preparando uma surpresa. Droga! Estraguei tudo. Mas vai ser melhor assim! Vai?


No Brasil...


        -Boa noite Teresa! –estou um trapo, quase treze horas de viagem é demais.

        -Boa noite, Dona Elise! Fez uma boa viagem?

        -Sim, obrigada!

        -Posso servir o jantar?

        -Ah, não Teresa. Só quero tomar um banho e descansar. Não tenho fome.

        -Sim, senhora.

        Após um banho morno em minha banheira, me sinto um pouco mais relaxada. Seco o cabelo e penso nele. Passei o dia todo tentando evitar esses pensamentos. Graças a Deus o Geovanne tratou de manter nossa conversa num delicioso alto astral, mas após nos despedirmos no Rio de Janeiro, e após ele insistir no número do meu celular, dizendo que queria levar-me pra jantar quando visse aqui, não pude deixar de lembrar-me do meu amante perfeito. Sinto um nó na garganta. Como ele está nesse momento? São 23:15 da sexta e como ele não trabalha amanhã, certamente deve estar divertindo-se na Scape com suas duas barbies. Babaca. Dessa vez você se superou, Antony! Deveria ganhar o Oscar de maior babaca.


Em Manhattan...


        -Antony, o que vai fazer hoje?

        -Estou trabalhando Bernard!

        -Pelo amor de Deus! Divirta-se um pouco! As garotas estão aqui perguntando por você.

        -Eu não ganhei a fortuna que tenho me divertindo. E onde você está?

        -Onde mais? No paraíso chamado Scape.

        -Ah!

        -E aí? Você vem?

        -Chego em vinte minutos.

        -É assim que se fala!


*************

        A Scape toda pulsava ao som de “Sexyback” e assim que avistou Antony, Bernard aproximou-se. No entanto por mais que se esforçassem nem Bernard, nem as garotas conseguiram que Antony ficasse lá por mais que uma hora.


No Brasil...


        -Ah minha nossa! Elise você está ardendo em febre!

        -Ah! Oi Gilian! Senti sua falta.

        -Por que não me avisou que tinha voltado?

        -Eu não tô bem.

        -Tô vendo. O que você tem?

        -Não sei. Só quero ficar assim pra sempre.

        -Hmmmm. Já entendi tudo! Tosse!

        -Quê? –tossi.

        Gilian puxou as cobertas de cima de mim.

        -De meias Elise? Nesse calorão! Levante-se daí!

        -Não! Sai daqui!

        -Você não está doente coisa nenhuma.

        -Você não é médico.

        -Mas sou filho e irmão. Isso é febre emocional.

        -Sai Gilian. –puxei as cobertas de volta.

        -Nada disso gata! Vamos cair na balada. Você tá precisando dançar. –e puxou as cobertas de novo.

        Aquilo me animou um pouco. Gilian tinha razão. Aliás, ele me conhece tão bem.

        -Quer saber? –pulei da cama e corri pro banheiro.

        -É isso aí! Vou escolher o que você vai vestir e vou fazer uma maquiagem digna de uma diva!


**************

        -Senhor Hill, desculpe a hora, mas o senhor pediu pra ficar informado sobre os passos da Senhorita Campello.

        -Fala Mathew!

        -Essa é a primeira vez que ela sai de casa nesses cinco dias, desde que ela veio. Ela está saindo com o amigo Gilian.

        -Fique de olho nela. Estou em casa trabalhando, então me mantenha informado.

        -Positivo Senhor!


 ***************


        Rihanna começou a cantar “Where have you been” e a boate toda começou a estremecer, eu não aguentei e puxei Gilian  pra pista e dancei até extravasar toda a tensão. Gilian tinha razão, dançar me fazia muito bem. Eu estava visivelmente mais relaxada.

        Mathew tirou uma foto minha dançando e envoiou pro Antony.

        -Ela está dançando! Como naquele dia em que a conheci... Então, não deve estar sentindo tanto a minha falta!


****************


        -Uau! Que coincidência! –Geovanne teve que gritar no meu ouvido.

        Virei-me ao sentir sua mão em minha cintura.

        -Ah minha nossa! Geovanne!

        -Dance! Não pare! Está perfeita!

        Mais uma foto!

        -Mathew quem é esse babaca?

        -Não sei Senhor! Parece que a Senhorita conhece-o.

        -Que música é essa?

        -Um momento senhor, vou perguntar...   “Where have you been” – Rihanna, senhor.

        -De olhos neles. Ah Mathew! Não permita que nenhum cara leve-a pra casa.

         -Positivo Senhor!

        Paramos de dançar um pouco e voltamos pra mesa. A essa altura Geovanne já havia sumido. Melhor assim!

        -Gata seu telefone não parou de tocar! –comentou Amanda.

        Peguei o celular e constatei que tinha três chamadas e uma mensagem:

“Where have you been all my life?”

        Corri os olhos pela boate, procurando-o

        -O que foi Elise? –Gilian perguntou assustado com minha reação.

        -Veja! Ele está aqui!

        -A música que nós estávamos dançando. Não será coincidência? –olhei pra ele e arqueei a sombracelha.

        -Acredita mesmo nisso?

-Não! Isso é muito louco! Elise, esse cara é meio perturbado. É uma furada.

        -Gilian, quase posso sentir seus olhos procurando-me, vigiando-me. Isso está me deixando louca e muito excitada...

        -Dá um tempo Elise! –disse Gilian revirando os olhos.

       

Em Manhattan...

        “Merda! O que ela está pensando? Já está se jogando pra outro cara. Quem é esse babaca? Mais um admirador doido pra comê-la. Céus! Preciso beber!”

        Quando chegou a sala Antony serviu-se de uma dose de Bourbon. Tomou um gole e olhou-se no espelho do bar. “Você não me conhece Elise! Esse aí é o verdadeiro Antony: decidido, implacável, mordaz... mas quando está com você... Você consegue enxergar uma pessoa que nunca poderei ser! Você tem uma fé em mim, como se conseguisse ver meu interior. Não! Não posso ser isso! Eu sou esse aí, esse babaca mesmo, fodido, um bastardinho!”

        E dizendo isso atirou o copo ao espelho que se despedaçou. O barulho assustou Jasmine que se aproximava sorrateiramente. “Por que não atende as minhas ligações? Por que não responde minhas mensagens? Porra! Que merda é essa?”

        -Vai quebrar o apartamento inteiro? –perguntou Jasmine.

        -Quê?

        -Nem venha falar pra essa velha negra que o que o senhor me paga é mais que suficiente pra limpar a bagunça calada! Detesto vê-lo assim.

        -O que você quer que eu faça?

        -Vá buscá-la!

        -Quem?

        -Não teste minha inteligência Senhor Hill!

        -Ela não atende minhas ligações! Não responde minhas mensagens e emails que já mandei. Estou ficando louco!

        -Esperava o quê? Que ela fosse igual às outras? Que não atendesse na primeira vez que o senhor ligava, fazendo charminho e na segunda derretiam-se todas?

        -Não.... quer dizer sim!

        -Ela é diferente Senhor Hill! E não venha me dizer que também não notou! Estou cansada de vê-lo que nem um zumbi, perambulando pelo apartamento, procurando-a.

        -Como você sabe, Jasmine? Tá espionando-me?

        -Hummm... Não é porque ela é a mais bonita na minha opinião, é porque há doçura naqueles olhos azuis enormes. Principalmente quando olha e fala no senhor!

        -Você não tá ajudando muito falando isso...

        -Só detesto vê-lo assim. E se é pra ficar nesse estado, mesmo não gostando muito, prefiro vê-lo perdendo tempo com as outras. –jogou tudo e saiu.

        -Ei, ei ei... Onde pensa que vai? Volte aqui!

        -Boa noite Senhor Hill!

        “Ela está castigando-me. É isso!”


No Brasil...

        Cheguei em casa e decidi tomar um banho antes de deitar. Estava muito cansada não fisicamente, mas emocionalmente. Liguei meu ipod baixinho e Adele começou a cantar “I can’t      make you Love me”. Deixei a água correr sobre mim. Sentei, deixando-a lavar-me inteira. A água descia escura da maquiagem que se desfazia. Arranquei os cílios postiços. Gostaria que fosse fácil assim desfazer-me dos sentimentos. Chorei. Minha garganta sufocava-me e eu solucei, como nunca. Parecia que aquilo estava preso e precisava ser libertado. Eu nunca fui muito de chorar! Meu celular tocou. Que merda! Eu sei que é ele pela milésima vez!

        -Droga pare de me ligar! Deixe-me em paz Antony-Babaca-Hill! –gritei pro celular.

        Não vou falar, nem responder as suas mensagens. Ele mostrou-me como é maravilhoso ser amada por ele, ser desejada, ser protegida, do seu jeito exagerado de controle, mas também me mostrou o inferno de não ter mais acesso a isso tudo. Não é possível que eu esteja sentindo tudo isso sozinha! Ou então como diz a música “Eu não consegui fazê-lo amar-me”... Pensei no que Gilian me disse: você vai continuar embarcando nessa furada?”Lembrei também do que aquela mulher disse: “Ele vai cansar de você!” O celular toca novamente.

        -Pare de fazer isso comigo Antony!



Em Manhattan...

        “Estou algemado à minha cama, com aquela máscara e completamente pelado. Sinto ela passar aquele chicote pelo meu corpo.

        -Elise isso não vai funcionar. Pare com essa brincadeira!

        -Shhh! Você se comportou muito mal. Então merece ser castigado!

        Ela fala isso bem no meu ouvido, com sua respiração quente e sua voz excitada. Ela segue com a língua o caminho da ponta da minha orelha, meu maxilar e encontra meus lábios. Passa a língua por eles. Passo a minha língua por eles e sinto seu gosto doce, procuro pela sua. Instintivamente ela retira a língua dela, quando puxo a minha, ela volta com a dela. Rio da sua brincadeira. Volto com a minha. Ela recua.  Recuo. Nossa! Isso é muito erótico. Principalmente porque sinto o calor do seu sexo junto à minha pele. Ela está montada sobre mim. Sinto alguma coisa em meu mamilo. Não sinto mais seu peso sobre mim, só uma coisa macia e pontuda passando por ele.

        -Isso é o chicote?

        -Shhh! Não. É meu corpo!

        Uau! Suspiro! O que será? Ouço sua respiração! Agora sinto a mesma coisa no outro mamilo. Uma coisa pontuda e macia... É o seu mamilo. Cacete! Fico louco ao constatar aquilo.

        -Grrrr!

        -Está mostrando os dentes pra mim, Senhor Hill?

        -Pare de me torturar! Quero fodê-la agora e não me importo se você tá pronta ou não!

        -Quero vê-lo implorar! –Reconheço minhas palavras na voz dela!

        Ela agarra meu pênis com uma das mãos, sobe  e desce com a sua umidade e concentra-se na ponta.

        -Você ainda não está pronto!

        -Grrrr!

        Ela ri. Isso é bálsamo para os meus ouvidos: sua risada.

        -Talvez eu possa ajudá-lo. Vou dar um beijinho nele.

        -Vou gozar na sua boca!

        Zaps! Sinto uma chicotada na minha barriga!

        -Ai! Não acredito que você fez isso Elise!

        -Shhh! Quieto! Se gozar na minha boca será a última vez que vai fazê-lo!

        Ela de repente começa a chupá-lo. Já tinha esquecido de como é bom foder essa boquinha.

        -Isso! Assim! Bem fundo! Mais rápido!

        Quando estou quase lá, ela para. Que frustrante! Ela monta em mim de novo. Estou sentindo-a. Ah! Tão molhadinha pra mim. Tão apertadinha. Ela provoca-me antes de tomá-lo.

        -Cacete! Que merda Elise! Pare com isso!

        Ela ri. Ela está muito molhada e escorrego pra dentro. Bem lá no fundo. Dou uma estocada com força! Ela grita e sai.

        -Droga! Volte aqui! –jogo minha cabeça pra trás. Ela oferece um seio pra mim. Chupo-o.

        -Shhhh!

        Ela volta de novo. Estou dentro dela e ela está subindo e descendo devagar.

        -Grrrr! –estoco com força.

        Ela grita e sai. Já entendi seu jogo. Ela quer fazer do seu jeito. Então... Volta novamente. Sobe e desce numa lentidão exaustiva e frustrante. Ela quer que eu implore.

        -Você gosta assim? –pergunta.

        -Sim!

        -Ou assim? –e surpreende-me numa velocidade incrível, permitindo uma penetração bem profunda.

        -Assim! -respondo.

        Ela desacelera.

        -Chega!

        Ela ri.

        -Elise pare com isso1 Você está me deixando louco!

        Ao ouvir isso, ela abre as algemas e libera minhas mãos. Beija meus pulsos e coloca em seus seios.

        -Tire a máscara!

        -Não!

        -Quero vê-la.

        -Não!

        -Tão mandona, senhorita.

        Resolvo ceder, afinal eu mereço ser castigado. E juntos começamos a nos movimentar no nosso ritmo: forte e selvagem. Ela geme, grita e se joga pra trás. Está enlouquecida. Não demora muito. Senti-la desse jeito, sem poder vê-la, faz tudo ficar muito intenso... tão intenso que gozamos juntos, confirmando a perfeição do nosso encaixe.

-Elise!

Acordo. Estou no quarto, na minha cama. Olho de um lado pro outro. Nossa! Estou molhado de suor. Onde ela está? Foi apenas um sonho! Uau! Olho pra baixo. Quê? Estou todo...todo... Que merda Hill! Voltou a ter treze anos? Cacete! É melhor tomar um banho! E trazê-la de volta!”


*************


        -Bom dia Senhor Hill!

        -Bom dia Jasmine!

        -O que vai querer comer?

        -Tudo. Estou com uma baita fome!

        -O senhor está com uma cara ótima!

        Após o café, vou para a empresa.

        -Vai buscá-la Senhor Hill? –insiste Jasmine

        -Não!.....Hoje não!

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