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No avião...
Após
acomodar-me, peguei meu volume de “Cinquenta tons de mais escuro” e comecei a
ler, mas antes de terminar a primeira linha, comecei a chorar... Lembrei de
tudo o que vivi com esse homem. Como ele me fez feliz, completa e realizada.
Ele completa-me em todos os sentidos... Lembrei do que ele falou agora a pouco:
“Estou com medo do que estou sentindo”... Eu também estou! Como ele pode querer
ficar longe de mim. Acho que vai ser melhor assim! Vai? Não sei responder, mas
preciso estar preparada pra nunca mais voltar a vê-lo. Meu Deus! Pensar nisso
faz meu corpo todo formigar. Sinto frio. Nunca me senti tão sozinha. É como se
faltasse uma parte de mim.
-Are you OK?
–olho pro lado e vejo um homem muito bonito.
-Yes! –ele
olhou pro meu livro e disse:
-Você é
brasileira?
-Sim.
-Eu sou
Geovanne Gentille.
-Olá, eu sou
Elise.
-Muito prazer!
-Prazer.
Desculpe se o incomodei.
-Absolutamente.
Ele é um cara de sorte.
-Quem?
-O cara que a
fez chorar assim.
-Como você sabe
que se trata de um cara? –aceito o lenço que ele oferece.
-Sei lá. Acho
que pela sua tristeza. Ele deve tê-la magoado profundamente e pra fazê-la
chorar assim, você deve gostar muito dele.
-É tão óbvio
assim?
-É sim! –rio.
–Está sentindo-se melhor?
-Sim, obrigada.
Você não é brasileiro, falo isso pelo seu sotaque.
-Não. Sou
italiano, mas parte minha família mora no Brasil. Eu sou modelo, na verdade me
formei em arquitetura, mas sempre trabalhei como modelo...
Em Manhattan...
-Pra casa
senhor Hill?
-Sim Mathew.
Quero que você volte pro Brasil amanhã e fique de olho nela.
-Sim Senhor
Hill.
***************
-Jasmine estou
no escritório.
-Ué! Onde ela
está?
-Ela foi
embora. Vai ser melhor assim.
-E o senhor está
sentindo-se melhor?
-Não!
Jasmine revira
os olhos, balança a cabeça em negativa e vai par cozinha. Antony a observa.
-O que? Jasmine
volte aqui!
-Não mesmo. O
senhor é bem crescidinho. Nem venha brigar com essa negra velha.
No escritório,
Antony trabalha um pouco, para e pensa em Elise. Trabalha, para e pensa.
Trabalha, para e pensa.
-Que merda! Não
consigo me concentrar. –passa as mãos pelos cabelos, balança a cabeça como se
quisesse afastar as lembranças e decide voltar ao trabalho. Lá fora Manhattan
esfria cada vez mais. Em sua luta interna de tentar fugir dos pensamentos em
Elise, Antony começa a sentir que está cada vez mais difícil ignorá-los. Está
suando e decide tomar um banho.
Ao entrar na
suíte fecha a porta atrás de se e olha pra cama, lembra de como ela se jogou no
dia em que chegaram. Ri. Pega o travesseiro do lado dela e sente seu cheiro. É!
Ainda está ali, como também no seu travesseiro. Decide
mandar trocar a roupa de cama, mas antes vai tomar um banho.
No banheiro,
lembra-se do banho que tomaram juntos, escorrega pela porta e senta-se. Está
tudo tão vazio! Sem graça! Localiza um ponto brilhante em baixo da pia, ao
alcançá-lo vê que se trata do colar. Aperta-o na mão e observa uma caixa de
veludo na lixeira. Pega-a e olha surpreso para o conteúdo: algemas, chicote,
máscara e umas bolinhas. Quem colocou isso ali? Pergunta-se. Então se lembra de
que ela estava preparando uma surpresa. Droga! Estraguei tudo. Mas vai ser
melhor assim! Vai?
No Brasil...
-Boa noite Teresa!
–estou um trapo, quase treze horas de viagem é demais.
-Boa noite,
Dona Elise! Fez uma boa viagem?
-Sim, obrigada!
-Posso servir o
jantar?
-Ah, não
Teresa. Só quero tomar um banho e descansar. Não tenho fome.
-Sim, senhora.
Após um banho
morno em minha banheira, me sinto um pouco mais relaxada. Seco o cabelo e penso
nele. Passei o dia todo tentando evitar esses pensamentos. Graças a Deus o
Geovanne tratou de manter nossa conversa num delicioso alto astral, mas após
nos despedirmos no Rio de Janeiro, e após ele insistir no número do meu
celular, dizendo que queria levar-me pra jantar quando visse aqui, não pude deixar
de lembrar-me do meu amante perfeito. Sinto um nó na garganta. Como ele está
nesse momento? São 23:15 da sexta e como ele não trabalha amanhã, certamente
deve estar divertindo-se na Scape com
suas duas barbies. Babaca. Dessa vez você se superou, Antony! Deveria ganhar o Oscar de maior babaca.
Em Manhattan...
-Antony, o que
vai fazer hoje?
-Estou
trabalhando Bernard!
-Pelo amor de
Deus! Divirta-se um pouco! As garotas estão aqui perguntando por você.
-Eu não ganhei
a fortuna que tenho me divertindo. E onde você está?
-Onde mais? No
paraíso chamado Scape.
-Ah!
-E aí? Você
vem?
-Chego em vinte
minutos.
-É assim que se
fala!
*************
A Scape toda pulsava ao som de “Sexyback”
e assim que avistou Antony, Bernard aproximou-se. No entanto por mais que se
esforçassem nem Bernard, nem as garotas conseguiram que Antony ficasse lá por
mais que uma hora.
No Brasil...
-Ah minha
nossa! Elise você está ardendo em febre!
-Ah! Oi Gilian!
Senti sua falta.
-Por que não me
avisou que tinha voltado?
-Eu não tô bem.
-Tô vendo. O
que você tem?
-Não sei. Só
quero ficar assim pra sempre.
-Hmmmm. Já
entendi tudo! Tosse!
-Quê? –tossi.
Gilian puxou as
cobertas de cima de mim.
-De meias
Elise? Nesse calorão! Levante-se daí!
-Não! Sai
daqui!
-Você não está
doente coisa nenhuma.
-Você não é
médico.
-Mas sou filho
e irmão. Isso é febre emocional.
-Sai Gilian.
–puxei as cobertas de volta.
-Nada disso
gata! Vamos cair na balada. Você tá precisando dançar. –e puxou as cobertas de
novo.
Aquilo me
animou um pouco. Gilian tinha razão. Aliás, ele me conhece tão bem.
-Quer saber?
–pulei da cama e corri pro banheiro.
-É isso aí! Vou
escolher o que você vai vestir e vou fazer uma maquiagem digna de uma diva!
**************
-Senhor Hill, desculpe a hora, mas o
senhor pediu pra ficar informado sobre os passos da Senhorita Campello.
-Fala Mathew!
-Essa é a
primeira vez que ela sai de casa nesses cinco dias, desde que ela veio. Ela
está saindo com o amigo Gilian.
-Fique de olho
nela. Estou em casa trabalhando, então me mantenha informado.
-Positivo
Senhor!
***************
Rihanna começou
a cantar “Where have you been” e a boate toda começou a estremecer, eu não
aguentei e puxei Gilian pra pista e
dancei até extravasar toda a tensão. Gilian tinha razão, dançar me fazia muito
bem. Eu estava visivelmente mais relaxada.
Mathew tirou
uma foto minha dançando e envoiou pro Antony.
-Ela está
dançando! Como naquele dia em que a conheci... Então, não deve estar sentindo
tanto a minha falta!
****************
-Uau! Que
coincidência! –Geovanne teve que gritar no meu ouvido.
Virei-me ao
sentir sua mão em minha cintura.
-Ah minha
nossa! Geovanne!
-Dance! Não
pare! Está perfeita!
Mais uma foto!
-Mathew quem é
esse babaca?
-Não sei
Senhor! Parece que a Senhorita conhece-o.
-Que música é
essa?
-Um momento
senhor, vou perguntar... “Where have
you been” – Rihanna, senhor.
-De olhos
neles. Ah Mathew! Não permita que nenhum cara leve-a pra casa.
-Positivo Senhor!
Paramos de
dançar um pouco e voltamos pra mesa. A essa altura Geovanne já havia sumido.
Melhor assim!
-Gata seu
telefone não parou de tocar! –comentou Amanda.
Peguei o
celular e constatei que tinha três chamadas e uma mensagem:
“Where have you been all my life?”
Corri os olhos
pela boate, procurando-o
-O que foi
Elise? –Gilian perguntou assustado com minha reação.
-Veja! Ele está
aqui!
-A música que
nós estávamos dançando. Não será coincidência? –olhei pra ele e arqueei a
sombracelha.
-Acredita mesmo
nisso?
-Não! Isso é muito louco! Elise,
esse cara é meio perturbado. É uma furada.
-Gilian, quase
posso sentir seus olhos procurando-me, vigiando-me. Isso está me deixando louca
e muito excitada...
-Dá um tempo
Elise! –disse Gilian revirando os olhos.
Em Manhattan...
“Merda! O que
ela está pensando? Já está se jogando pra outro cara. Quem é esse babaca? Mais
um admirador doido pra comê-la. Céus! Preciso beber!”
Quando chegou a
sala Antony serviu-se de uma dose de Bourbon.
Tomou um gole e olhou-se no espelho do bar. “Você não me conhece Elise! Esse aí
é o verdadeiro Antony: decidido, implacável, mordaz... mas quando está com você...
Você consegue enxergar uma pessoa que nunca poderei ser! Você tem uma fé em
mim, como se conseguisse ver meu interior. Não! Não posso ser isso! Eu sou esse
aí, esse babaca mesmo, fodido, um bastardinho!”
E dizendo isso
atirou o copo ao espelho que se despedaçou. O barulho assustou Jasmine que se aproximava
sorrateiramente. “Por que não atende as minhas ligações? Por que não responde
minhas mensagens? Porra! Que merda é essa?”
-Vai quebrar o
apartamento inteiro? –perguntou Jasmine.
-Quê?
-Nem venha
falar pra essa velha negra que o que o senhor me paga é mais que suficiente pra
limpar a bagunça calada! Detesto vê-lo assim.
-O que você
quer que eu faça?
-Vá buscá-la!
-Quem?
-Não teste
minha inteligência Senhor Hill!
-Ela não atende
minhas ligações! Não responde minhas mensagens e emails que já mandei. Estou
ficando louco!
-Esperava o
quê? Que ela fosse igual às outras? Que não atendesse na primeira vez que o
senhor ligava, fazendo charminho e na segunda derretiam-se todas?
-Não.... quer
dizer sim!
-Ela é
diferente Senhor Hill! E não venha me dizer que também não notou! Estou cansada
de vê-lo que nem um zumbi, perambulando pelo apartamento, procurando-a.
-Como você
sabe, Jasmine? Tá espionando-me?
-Hummm... Não é
porque ela é a mais bonita na minha opinião, é porque há doçura naqueles olhos
azuis enormes. Principalmente quando olha e fala no senhor!
-Você não tá
ajudando muito falando isso...
-Só detesto vê-lo
assim. E se é pra ficar nesse estado, mesmo não gostando muito, prefiro vê-lo
perdendo tempo com as outras. –jogou tudo e saiu.
-Ei, ei ei...
Onde pensa que vai? Volte aqui!
-Boa noite
Senhor Hill!
“Ela está
castigando-me. É isso!”
No Brasil...
Cheguei em casa
e decidi tomar um banho antes de deitar. Estava muito cansada não fisicamente,
mas emocionalmente. Liguei meu ipod baixinho e Adele começou a cantar “I can’t make you Love me”. Deixei a água correr
sobre mim. Sentei, deixando-a lavar-me inteira. A água descia escura da
maquiagem que se desfazia. Arranquei os cílios postiços. Gostaria que fosse
fácil assim desfazer-me dos sentimentos. Chorei. Minha garganta sufocava-me e
eu solucei, como nunca. Parecia que aquilo estava preso e precisava ser libertado.
Eu nunca fui muito de chorar! Meu celular tocou. Que merda! Eu sei que é ele
pela milésima vez!
-Droga pare de
me ligar! Deixe-me em paz Antony-Babaca-Hill! –gritei pro celular.
Não vou falar,
nem responder as suas mensagens. Ele mostrou-me como é maravilhoso ser amada
por ele, ser desejada, ser protegida, do seu jeito exagerado de controle, mas
também me mostrou o inferno de não ter mais acesso a isso tudo. Não é possível
que eu esteja sentindo tudo isso sozinha! Ou então como diz a música “Eu não
consegui fazê-lo amar-me”... Pensei no que Gilian me disse: você vai continuar
embarcando nessa furada?”Lembrei também do que aquela mulher disse: “Ele vai
cansar de você!” O celular toca novamente.
-Pare de fazer
isso comigo Antony!
Em Manhattan...
“Estou algemado
à minha cama, com aquela máscara e completamente pelado. Sinto ela passar
aquele chicote pelo meu corpo.
-Elise isso não
vai funcionar. Pare com essa brincadeira!
-Shhh! Você se
comportou muito mal. Então merece ser castigado!
Ela fala isso
bem no meu ouvido, com sua respiração quente e sua voz excitada. Ela segue com
a língua o caminho da ponta da minha orelha, meu maxilar e encontra meus
lábios. Passa a língua por eles. Passo a minha língua por eles e sinto seu
gosto doce, procuro pela sua. Instintivamente ela retira a língua dela, quando
puxo a minha, ela volta com a dela. Rio da sua brincadeira. Volto com a minha.
Ela recua. Recuo. Nossa! Isso é muito
erótico. Principalmente porque sinto o calor do seu sexo junto à minha pele.
Ela está montada sobre mim. Sinto alguma coisa em meu mamilo. Não sinto mais
seu peso sobre mim, só uma coisa macia e pontuda passando por ele.
-Isso é o
chicote?
-Shhh! Não. É
meu corpo!
Uau! Suspiro! O
que será? Ouço sua respiração! Agora sinto a mesma coisa no outro mamilo. Uma
coisa pontuda e macia... É o seu mamilo. Cacete! Fico louco ao constatar
aquilo.
-Grrrr!
-Está mostrando
os dentes pra mim, Senhor Hill?
-Pare de me
torturar! Quero fodê-la agora e não me importo se você tá pronta ou não!
-Quero vê-lo
implorar! –Reconheço minhas palavras na voz dela!
Ela agarra meu
pênis com uma das mãos, sobe e desce com
a sua umidade e concentra-se na ponta.
-Você ainda não
está pronto!
-Grrrr!
Ela ri. Isso é
bálsamo para os meus ouvidos: sua risada.
-Talvez eu
possa ajudá-lo. Vou dar um beijinho nele.
-Vou gozar na
sua boca!
Zaps! Sinto uma
chicotada na minha barriga!
-Ai! Não
acredito que você fez isso Elise!
-Shhh! Quieto!
Se gozar na minha boca será a última vez que vai fazê-lo!
Ela de repente
começa a chupá-lo. Já tinha esquecido de como é bom foder essa boquinha.
-Isso! Assim!
Bem fundo! Mais rápido!
Quando estou
quase lá, ela para. Que frustrante! Ela monta em mim de novo. Estou sentindo-a.
Ah! Tão molhadinha pra mim. Tão apertadinha. Ela provoca-me antes de tomá-lo.
-Cacete! Que
merda Elise! Pare com isso!
Ela ri. Ela
está muito molhada e escorrego pra dentro. Bem lá no fundo. Dou uma estocada
com força! Ela grita e sai.
-Droga! Volte
aqui! –jogo minha cabeça pra trás. Ela oferece um seio pra mim. Chupo-o.
-Shhhh!
Ela volta de
novo. Estou dentro dela e ela está subindo e descendo devagar.
-Grrrr! –estoco
com força.
Ela grita e
sai. Já entendi seu jogo. Ela quer fazer do seu jeito. Então... Volta novamente.
Sobe e desce numa lentidão exaustiva e frustrante. Ela quer que eu implore.
-Você gosta
assim? –pergunta.
-Sim!
-Ou assim? –e
surpreende-me numa velocidade incrível, permitindo uma penetração bem profunda.
-Assim!
-respondo.
Ela desacelera.
-Chega!
Ela ri.
-Elise pare com
isso1 Você está me deixando louco!
Ao ouvir isso,
ela abre as algemas e libera minhas mãos. Beija meus pulsos e coloca em seus
seios.
-Tire a
máscara!
-Não!
-Quero vê-la.
-Não!
-Tão mandona,
senhorita.
Resolvo ceder,
afinal eu mereço ser castigado. E juntos começamos a nos movimentar no nosso
ritmo: forte e selvagem. Ela geme, grita e se joga pra trás. Está enlouquecida.
Não demora muito. Senti-la desse jeito, sem poder vê-la, faz tudo ficar muito
intenso... tão intenso que gozamos juntos, confirmando a perfeição do nosso
encaixe.
-Elise!
Acordo. Estou no quarto, na minha
cama. Olho de um lado pro outro. Nossa! Estou molhado de suor. Onde ela está?
Foi apenas um sonho! Uau! Olho pra baixo. Quê? Estou todo...todo... Que merda
Hill! Voltou a ter treze anos? Cacete! É melhor tomar um banho! E trazê-la de
volta!”
*************
-Bom dia Senhor
Hill!
-Bom dia
Jasmine!
-O que vai
querer comer?
-Tudo. Estou
com uma baita fome!
-O senhor está
com uma cara ótima!
Após o café,
vou para a empresa.
-Vai buscá-la
Senhor Hill? –insiste Jasmine
-Não!.....Hoje
não!