quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Capítulo 10


10

No avião...

        Após acomodar-me, peguei meu volume de “Cinquenta tons de mais escuro” e comecei a ler, mas antes de terminar a primeira linha, comecei a chorar... Lembrei de tudo o que vivi com esse homem. Como ele me fez feliz, completa e realizada. Ele completa-me em todos os sentidos... Lembrei do que ele falou agora a pouco: “Estou com medo do que estou sentindo”... Eu também estou! Como ele pode querer ficar longe de mim. Acho que vai ser melhor assim! Vai? Não sei responder, mas preciso estar preparada pra nunca mais voltar a vê-lo. Meu Deus! Pensar nisso faz meu corpo todo formigar. Sinto frio. Nunca me senti tão sozinha. É como se faltasse uma parte de mim.

        -Are you OK? –olho pro lado e vejo um homem muito bonito.

        -Yes! –ele olhou pro meu livro e disse:

        -Você é brasileira?

        -Sim.

        -Eu sou Geovanne Gentille.

        -Olá, eu sou Elise.

        -Muito prazer!

        -Prazer. Desculpe se o incomodei.

        -Absolutamente. Ele é um cara de sorte.

        -Quem?

        -O cara que a fez chorar assim.

        -Como você sabe que se trata de um cara? –aceito o lenço que ele oferece.

        -Sei lá. Acho que pela sua tristeza. Ele deve tê-la magoado profundamente e pra fazê-la chorar assim, você deve gostar muito dele.

        -É tão óbvio assim?

        -É sim! –rio. –Está sentindo-se melhor?

        -Sim, obrigada. Você não é brasileiro, falo isso pelo seu sotaque.

        -Não. Sou italiano, mas parte minha família mora no Brasil. Eu sou modelo, na verdade me formei em arquitetura, mas sempre trabalhei como modelo...


Em Manhattan...


        -Pra casa senhor Hill?

        -Sim Mathew. Quero que você volte pro Brasil amanhã e fique de olho nela.

        -Sim Senhor Hill.


***************


        -Jasmine estou no escritório.

        -Ué! Onde ela está?

        -Ela foi embora. Vai ser melhor assim.

        -E o senhor está sentindo-se melhor?

        -Não!

        Jasmine revira os olhos, balança a cabeça em negativa e vai par cozinha. Antony a observa.

        -O que? Jasmine volte aqui!

        -Não mesmo. O senhor é bem crescidinho. Nem venha brigar com essa negra velha.

        No escritório, Antony trabalha um pouco, para e pensa em Elise. Trabalha, para e pensa. Trabalha, para e pensa.

        -Que merda! Não consigo me concentrar. –passa as mãos pelos cabelos, balança a cabeça como se quisesse afastar as lembranças e decide voltar ao trabalho. Lá fora Manhattan esfria cada vez mais. Em sua luta interna de tentar fugir dos pensamentos em Elise, Antony começa a sentir que está cada vez mais difícil ignorá-los. Está suando e decide tomar um banho.

        Ao entrar na suíte fecha a porta atrás de se e olha pra cama, lembra de como ela se jogou no dia em que chegaram. Ri. Pega o travesseiro do lado dela e sente seu cheiro. É! Ainda está ali, como também no seu travesseiro. Decide mandar trocar a roupa de cama, mas antes vai tomar um banho.

        No banheiro, lembra-se do banho que tomaram juntos, escorrega pela porta e senta-se. Está tudo tão vazio! Sem graça! Localiza um ponto brilhante em baixo da pia, ao alcançá-lo vê que se trata do colar. Aperta-o na mão e observa uma caixa de veludo na lixeira. Pega-a e olha surpreso para o conteúdo: algemas, chicote, máscara e umas bolinhas. Quem colocou isso ali? Pergunta-se. Então se lembra de que ela estava preparando uma surpresa. Droga! Estraguei tudo. Mas vai ser melhor assim! Vai?


No Brasil...


        -Boa noite Teresa! –estou um trapo, quase treze horas de viagem é demais.

        -Boa noite, Dona Elise! Fez uma boa viagem?

        -Sim, obrigada!

        -Posso servir o jantar?

        -Ah, não Teresa. Só quero tomar um banho e descansar. Não tenho fome.

        -Sim, senhora.

        Após um banho morno em minha banheira, me sinto um pouco mais relaxada. Seco o cabelo e penso nele. Passei o dia todo tentando evitar esses pensamentos. Graças a Deus o Geovanne tratou de manter nossa conversa num delicioso alto astral, mas após nos despedirmos no Rio de Janeiro, e após ele insistir no número do meu celular, dizendo que queria levar-me pra jantar quando visse aqui, não pude deixar de lembrar-me do meu amante perfeito. Sinto um nó na garganta. Como ele está nesse momento? São 23:15 da sexta e como ele não trabalha amanhã, certamente deve estar divertindo-se na Scape com suas duas barbies. Babaca. Dessa vez você se superou, Antony! Deveria ganhar o Oscar de maior babaca.


Em Manhattan...


        -Antony, o que vai fazer hoje?

        -Estou trabalhando Bernard!

        -Pelo amor de Deus! Divirta-se um pouco! As garotas estão aqui perguntando por você.

        -Eu não ganhei a fortuna que tenho me divertindo. E onde você está?

        -Onde mais? No paraíso chamado Scape.

        -Ah!

        -E aí? Você vem?

        -Chego em vinte minutos.

        -É assim que se fala!


*************

        A Scape toda pulsava ao som de “Sexyback” e assim que avistou Antony, Bernard aproximou-se. No entanto por mais que se esforçassem nem Bernard, nem as garotas conseguiram que Antony ficasse lá por mais que uma hora.


No Brasil...


        -Ah minha nossa! Elise você está ardendo em febre!

        -Ah! Oi Gilian! Senti sua falta.

        -Por que não me avisou que tinha voltado?

        -Eu não tô bem.

        -Tô vendo. O que você tem?

        -Não sei. Só quero ficar assim pra sempre.

        -Hmmmm. Já entendi tudo! Tosse!

        -Quê? –tossi.

        Gilian puxou as cobertas de cima de mim.

        -De meias Elise? Nesse calorão! Levante-se daí!

        -Não! Sai daqui!

        -Você não está doente coisa nenhuma.

        -Você não é médico.

        -Mas sou filho e irmão. Isso é febre emocional.

        -Sai Gilian. –puxei as cobertas de volta.

        -Nada disso gata! Vamos cair na balada. Você tá precisando dançar. –e puxou as cobertas de novo.

        Aquilo me animou um pouco. Gilian tinha razão. Aliás, ele me conhece tão bem.

        -Quer saber? –pulei da cama e corri pro banheiro.

        -É isso aí! Vou escolher o que você vai vestir e vou fazer uma maquiagem digna de uma diva!


**************

        -Senhor Hill, desculpe a hora, mas o senhor pediu pra ficar informado sobre os passos da Senhorita Campello.

        -Fala Mathew!

        -Essa é a primeira vez que ela sai de casa nesses cinco dias, desde que ela veio. Ela está saindo com o amigo Gilian.

        -Fique de olho nela. Estou em casa trabalhando, então me mantenha informado.

        -Positivo Senhor!


 ***************


        Rihanna começou a cantar “Where have you been” e a boate toda começou a estremecer, eu não aguentei e puxei Gilian  pra pista e dancei até extravasar toda a tensão. Gilian tinha razão, dançar me fazia muito bem. Eu estava visivelmente mais relaxada.

        Mathew tirou uma foto minha dançando e envoiou pro Antony.

        -Ela está dançando! Como naquele dia em que a conheci... Então, não deve estar sentindo tanto a minha falta!


****************


        -Uau! Que coincidência! –Geovanne teve que gritar no meu ouvido.

        Virei-me ao sentir sua mão em minha cintura.

        -Ah minha nossa! Geovanne!

        -Dance! Não pare! Está perfeita!

        Mais uma foto!

        -Mathew quem é esse babaca?

        -Não sei Senhor! Parece que a Senhorita conhece-o.

        -Que música é essa?

        -Um momento senhor, vou perguntar...   “Where have you been” – Rihanna, senhor.

        -De olhos neles. Ah Mathew! Não permita que nenhum cara leve-a pra casa.

         -Positivo Senhor!

        Paramos de dançar um pouco e voltamos pra mesa. A essa altura Geovanne já havia sumido. Melhor assim!

        -Gata seu telefone não parou de tocar! –comentou Amanda.

        Peguei o celular e constatei que tinha três chamadas e uma mensagem:

“Where have you been all my life?”

        Corri os olhos pela boate, procurando-o

        -O que foi Elise? –Gilian perguntou assustado com minha reação.

        -Veja! Ele está aqui!

        -A música que nós estávamos dançando. Não será coincidência? –olhei pra ele e arqueei a sombracelha.

        -Acredita mesmo nisso?

-Não! Isso é muito louco! Elise, esse cara é meio perturbado. É uma furada.

        -Gilian, quase posso sentir seus olhos procurando-me, vigiando-me. Isso está me deixando louca e muito excitada...

        -Dá um tempo Elise! –disse Gilian revirando os olhos.

       

Em Manhattan...

        “Merda! O que ela está pensando? Já está se jogando pra outro cara. Quem é esse babaca? Mais um admirador doido pra comê-la. Céus! Preciso beber!”

        Quando chegou a sala Antony serviu-se de uma dose de Bourbon. Tomou um gole e olhou-se no espelho do bar. “Você não me conhece Elise! Esse aí é o verdadeiro Antony: decidido, implacável, mordaz... mas quando está com você... Você consegue enxergar uma pessoa que nunca poderei ser! Você tem uma fé em mim, como se conseguisse ver meu interior. Não! Não posso ser isso! Eu sou esse aí, esse babaca mesmo, fodido, um bastardinho!”

        E dizendo isso atirou o copo ao espelho que se despedaçou. O barulho assustou Jasmine que se aproximava sorrateiramente. “Por que não atende as minhas ligações? Por que não responde minhas mensagens? Porra! Que merda é essa?”

        -Vai quebrar o apartamento inteiro? –perguntou Jasmine.

        -Quê?

        -Nem venha falar pra essa velha negra que o que o senhor me paga é mais que suficiente pra limpar a bagunça calada! Detesto vê-lo assim.

        -O que você quer que eu faça?

        -Vá buscá-la!

        -Quem?

        -Não teste minha inteligência Senhor Hill!

        -Ela não atende minhas ligações! Não responde minhas mensagens e emails que já mandei. Estou ficando louco!

        -Esperava o quê? Que ela fosse igual às outras? Que não atendesse na primeira vez que o senhor ligava, fazendo charminho e na segunda derretiam-se todas?

        -Não.... quer dizer sim!

        -Ela é diferente Senhor Hill! E não venha me dizer que também não notou! Estou cansada de vê-lo que nem um zumbi, perambulando pelo apartamento, procurando-a.

        -Como você sabe, Jasmine? Tá espionando-me?

        -Hummm... Não é porque ela é a mais bonita na minha opinião, é porque há doçura naqueles olhos azuis enormes. Principalmente quando olha e fala no senhor!

        -Você não tá ajudando muito falando isso...

        -Só detesto vê-lo assim. E se é pra ficar nesse estado, mesmo não gostando muito, prefiro vê-lo perdendo tempo com as outras. –jogou tudo e saiu.

        -Ei, ei ei... Onde pensa que vai? Volte aqui!

        -Boa noite Senhor Hill!

        “Ela está castigando-me. É isso!”


No Brasil...

        Cheguei em casa e decidi tomar um banho antes de deitar. Estava muito cansada não fisicamente, mas emocionalmente. Liguei meu ipod baixinho e Adele começou a cantar “I can’t      make you Love me”. Deixei a água correr sobre mim. Sentei, deixando-a lavar-me inteira. A água descia escura da maquiagem que se desfazia. Arranquei os cílios postiços. Gostaria que fosse fácil assim desfazer-me dos sentimentos. Chorei. Minha garganta sufocava-me e eu solucei, como nunca. Parecia que aquilo estava preso e precisava ser libertado. Eu nunca fui muito de chorar! Meu celular tocou. Que merda! Eu sei que é ele pela milésima vez!

        -Droga pare de me ligar! Deixe-me em paz Antony-Babaca-Hill! –gritei pro celular.

        Não vou falar, nem responder as suas mensagens. Ele mostrou-me como é maravilhoso ser amada por ele, ser desejada, ser protegida, do seu jeito exagerado de controle, mas também me mostrou o inferno de não ter mais acesso a isso tudo. Não é possível que eu esteja sentindo tudo isso sozinha! Ou então como diz a música “Eu não consegui fazê-lo amar-me”... Pensei no que Gilian me disse: você vai continuar embarcando nessa furada?”Lembrei também do que aquela mulher disse: “Ele vai cansar de você!” O celular toca novamente.

        -Pare de fazer isso comigo Antony!



Em Manhattan...

        “Estou algemado à minha cama, com aquela máscara e completamente pelado. Sinto ela passar aquele chicote pelo meu corpo.

        -Elise isso não vai funcionar. Pare com essa brincadeira!

        -Shhh! Você se comportou muito mal. Então merece ser castigado!

        Ela fala isso bem no meu ouvido, com sua respiração quente e sua voz excitada. Ela segue com a língua o caminho da ponta da minha orelha, meu maxilar e encontra meus lábios. Passa a língua por eles. Passo a minha língua por eles e sinto seu gosto doce, procuro pela sua. Instintivamente ela retira a língua dela, quando puxo a minha, ela volta com a dela. Rio da sua brincadeira. Volto com a minha. Ela recua.  Recuo. Nossa! Isso é muito erótico. Principalmente porque sinto o calor do seu sexo junto à minha pele. Ela está montada sobre mim. Sinto alguma coisa em meu mamilo. Não sinto mais seu peso sobre mim, só uma coisa macia e pontuda passando por ele.

        -Isso é o chicote?

        -Shhh! Não. É meu corpo!

        Uau! Suspiro! O que será? Ouço sua respiração! Agora sinto a mesma coisa no outro mamilo. Uma coisa pontuda e macia... É o seu mamilo. Cacete! Fico louco ao constatar aquilo.

        -Grrrr!

        -Está mostrando os dentes pra mim, Senhor Hill?

        -Pare de me torturar! Quero fodê-la agora e não me importo se você tá pronta ou não!

        -Quero vê-lo implorar! –Reconheço minhas palavras na voz dela!

        Ela agarra meu pênis com uma das mãos, sobe  e desce com a sua umidade e concentra-se na ponta.

        -Você ainda não está pronto!

        -Grrrr!

        Ela ri. Isso é bálsamo para os meus ouvidos: sua risada.

        -Talvez eu possa ajudá-lo. Vou dar um beijinho nele.

        -Vou gozar na sua boca!

        Zaps! Sinto uma chicotada na minha barriga!

        -Ai! Não acredito que você fez isso Elise!

        -Shhh! Quieto! Se gozar na minha boca será a última vez que vai fazê-lo!

        Ela de repente começa a chupá-lo. Já tinha esquecido de como é bom foder essa boquinha.

        -Isso! Assim! Bem fundo! Mais rápido!

        Quando estou quase lá, ela para. Que frustrante! Ela monta em mim de novo. Estou sentindo-a. Ah! Tão molhadinha pra mim. Tão apertadinha. Ela provoca-me antes de tomá-lo.

        -Cacete! Que merda Elise! Pare com isso!

        Ela ri. Ela está muito molhada e escorrego pra dentro. Bem lá no fundo. Dou uma estocada com força! Ela grita e sai.

        -Droga! Volte aqui! –jogo minha cabeça pra trás. Ela oferece um seio pra mim. Chupo-o.

        -Shhhh!

        Ela volta de novo. Estou dentro dela e ela está subindo e descendo devagar.

        -Grrrr! –estoco com força.

        Ela grita e sai. Já entendi seu jogo. Ela quer fazer do seu jeito. Então... Volta novamente. Sobe e desce numa lentidão exaustiva e frustrante. Ela quer que eu implore.

        -Você gosta assim? –pergunta.

        -Sim!

        -Ou assim? –e surpreende-me numa velocidade incrível, permitindo uma penetração bem profunda.

        -Assim! -respondo.

        Ela desacelera.

        -Chega!

        Ela ri.

        -Elise pare com isso1 Você está me deixando louco!

        Ao ouvir isso, ela abre as algemas e libera minhas mãos. Beija meus pulsos e coloca em seus seios.

        -Tire a máscara!

        -Não!

        -Quero vê-la.

        -Não!

        -Tão mandona, senhorita.

        Resolvo ceder, afinal eu mereço ser castigado. E juntos começamos a nos movimentar no nosso ritmo: forte e selvagem. Ela geme, grita e se joga pra trás. Está enlouquecida. Não demora muito. Senti-la desse jeito, sem poder vê-la, faz tudo ficar muito intenso... tão intenso que gozamos juntos, confirmando a perfeição do nosso encaixe.

-Elise!

Acordo. Estou no quarto, na minha cama. Olho de um lado pro outro. Nossa! Estou molhado de suor. Onde ela está? Foi apenas um sonho! Uau! Olho pra baixo. Quê? Estou todo...todo... Que merda Hill! Voltou a ter treze anos? Cacete! É melhor tomar um banho! E trazê-la de volta!”


*************


        -Bom dia Senhor Hill!

        -Bom dia Jasmine!

        -O que vai querer comer?

        -Tudo. Estou com uma baita fome!

        -O senhor está com uma cara ótima!

        Após o café, vou para a empresa.

        -Vai buscá-la Senhor Hill? –insiste Jasmine

        -Não!.....Hoje não!

domingo, 16 de dezembro de 2012

Capítulo 9 -atualizado



9
        Almocei sozinha naquele dia e aproveitei pra conversar um pouco com Jasmine.
        -Jasmine, o que você acha se eu fizer uma visita rápida ao Antony na empresa? Você acha que ele vai ficar zangado?
        -Acho que não! Por que você não liga antes?
        -Quero fazer uma surpresa!
        -Ah!
        -Prepare um jantar romântico pra gente Jasmine, por favor!
        -Ok!
        Jasmine estava a pia e eu sentada em um dos bancos, de frente pra ela.
        -Eh!... Antony costuma trazer muitas garotas aqui?
        Ela demorou um pouco, como se estivesse escolhendo as palavras e virou-se pra mim.
        -Algumas!
        -Brasileiras?
        -Também...
        -E elas ficam hospedadas aqui? – desviei meu olhar e mordi meu sanduíche.
        -Sim, senhorita. Eu acho que a senhorita deveria perguntar essas coisas a ele. Sabe meu bem... Não sei se ele vai gostar dessa conversa que estamos tendo... Entende?
        -Sim, claro. –fiquei envergonhada. –Desculpe Jasmine. Não quero causar-lhe nenhum problema. E não se preocupe, eu sei ser discreta. Só mais uma pergunta! O que tem lá em cima?
        -Ele ainda não te levou lá? –olhou-me surpresa.
        -Não. Só conheço aqui em baixo.
        -Eh! Ele realmente é uma caixinha de surpresa. –encarou-me como se eu fosse uma coisa estranha.
        -Por que tá falando isso? E olhando-me assim?
        -Desculpe. Só estou surpresa.
        -Por quê?
        -Escute meu bem, quer um conselho? Só suba lá se ele a convidar. Ok?
        -Certo. –o que me deixou ainda mais curiosa.
        Após o almoço troquei de roupa e resolvi fazer umas comprinhas e é claro uma visitinha a ele, mas, antes de sair, resolvi mandar uma mensagem, acompanhada de um link de uma música pra ele do escritório:

“Quando você liga pra mim, é essa música que toca em meu celular...”
        A música era “No Ordinary Love” da Sade. Eu sabia que ele a adorava, por isso escolhi essa música como toque da sua chamada. Como também achei que tinha tudo a ver, sem contar que era a minha preferida.
        Mensagem dele:
“Tá querendo me dizer alguma coisa?”
“Eu estou sempre querendo mais... quero fazer amor hoje ao som dessa música...”
“Honey! Fazer amor é fichinha perto do que eu vou fazer com você ao som dessa música...”
Ah! Minha nossa! Senti uma contração... Como ele consegue fazer isso comigo... Está tão longe de mim, mas é como se estivesse falando ao meu ouvido. Ele simplesmente consegue fazer vibrar todas as células do meu corpo com uma simples frase...
“ ;)   Vem aqui!”
“Pare de incomodar-me Elise! Nem sei mais o que o cara tá falando aqui...blá,blá,blá...  ;)”
“Sim senhor! Bj!
“;)”

**********

        Quando apareci na cozinha pra visar a Jasmine onde ia e perguntar por Mathew ela olhou-me de cima a baixo.
        -Uau! Você vai sair assim?
        -Assim como? –olhei pra minha roupa. Estava com short curto e uma regata soltinha escrita “SEXY TOO MUCH” e saltos altíssimos.
        -Desculpe, eu não me acostumo com a forma como vocês brasileiras vestem-se. Sempre tão sexy. O Senhor Hill vai ter um infarto. –rimos. Ah!
        Mathew apareceu enfim.
        -Senhorita tenho ordens para acompanhá-la em suas compras! –disse Mathew. Essa não! Não pro tipo de compra que eu quero fazer.
        -Olhe, Mathew, prefiro combinar um lugar para encontrar-nos. Não vou me sentir a vontade comprando lingeries com você ao lado.
        -Certo senhorita! –disse meio constrangido. Legal, funcionou!     
        Aproveitei o momento sozinha e fui a uma sexshop. Lá encontrei um kit básico para iniciantes: um caixa comprida de veludo preto, contendo uma máscara de cetim, um par de algemas e um chicote de couro bem macio com pompons de veludo em cada ponta de suas três tiras. Achei uma graça. Kit iniciantes? Uau! Cada vez, eu estava mais curiosa com esse mundo da dominação e submissão. Meu inconsciente repreendia-me, mas quer saber, eu não estava nem aí... Queria mesmo era saber o que o Antony era capaz de fazer com esse kit. Nossa! Só em pensar meu corpo todo vibrava de ansiedade... Queria dar esse presente a nós dois. Queria entrar em seu mundo, mas do meu jeito. De um jeito só nosso: particular e exótico.
        A primeira parte da surpresa estava pronta. O jantar a cargo da Jasmine, só estava faltando achar algo bem sexy pra mim. Na Victoria’s Secrets escolhi uma lingerie preta com pele, com cinta liga e tudo o que o Antony tivesse direito. Tudo o que desse muito trabalho de ser retirado. Queria só ver a cara de ansiedade dele, mas com certeza, conhecendo-o como eu acho que conheço, ele iria tratar de arranjar um jeito de me deixar em maus lençóis. Ah o kit era acompanhado de umas bolinhas esquisitas e bem cheirosinhas...

***************

        Cheguei ao The Trump Building onde funcionava a empresa AH Financial Empire por volta das 17h. Fui até a recepção para pedir alguma informação. A atendente olhou-me curiosa quando disse que estava lá para falar com Antony Hill. Ela também perguntou se eu havia marcado um horário! Imagine! Claro que eu precisava ter marcado um horário!  Bem, era só uma visita... Acho que era melhor eu ir embora. Ela ligou e falou com alguém que certamente mandou descartar-me. Ela lançou-me um olhar de pena, após dizer que o “Senhor Hill estava em reunião e não poderia receber ninguém”. Ok! Meu bem! Queria dizer-lhe pra conter seu esnobismo, porque com certeza quem iria ganhar o prêmio da noite seria EU, mas contive-me. Oh Deus! Hoje eu queria implorar pra valer... Por mais ... Muito mais... Assenti e virei-me para encaminhar-me a saída, quando deparei-me com o Bernard.
“O que essa idiota está fazendo aqui?”
        -Olá, Senhorita Campelo!
        -Oi Bernard!
        -Veio ver o Antony? –perguntou encarando-me.
        -Sim, mas parece que ele está meio ocupado. –dei graças a atendente está ouvindo toda a conversa.
        -É verdade. Antony está em reunião com o pessoal da administração. Quer que eu avise que você está aqui? –“Seja sensata e dê o fora daqui.”
        -Não, obrigada. Só estava passando e resolvi fazer uma surpresa. É melhor eu ir. Não quero incomodá-lo.
        -Quer tomar um drink? Tem um lugar ótimo aqui perto. –O quê? Ele está me chamando pra sair?
        -Obrigada, mas eu tenho umas coisas pra resolver hoje à noite. Quero fazer uma surpresa pra ele.
        -Ok! –“Quer dizer que a senhorita tem planos é? Ah, mas eu vou estragá-los.”
        -Até Bernard!
        -Senhorita Campelo!
        Nossa, que olhar mais penetrante! Chega a ser perturbador! Esse homem me dá arrepios.

**************

“É melhor ficar e tratar de arrastar aquele babaca até uma boate, embebedá-lo e dar-lhe seu melhor presente: mulheres, muitas mulheres.” BERNARD
        Após a reunião com a administração, Antony engatou outra com uns investidores para um negócio milionário. Esta última terminou por volta das 20:30 e todos comemoraram a nova sociedade.
        -Temos que comemorar esse acordo! Senhor Hill! –disse Bernard a todos os presentes.
        -Sim, Bernard! Vamos marcar um dia... –Antony sabia que eu estava esperando.
        -E por que não hoje? –perguntou um dos investidores. –Tem algum lugar em mente Bernard?
        -A Scape! –Antony fuzilou-o com os olhos. –Não conheço lugar melhor que ofereça boa bebida e lindas mulheres!
        -Excelente! –disse o banqueiro.
        -Vamos então!
        -Preciso dar um telefonema! –insistiu Antony.
        -Deixe pra depois Antony! Vamos comemorar! –insistiu Bernard.
        -É. Deixa pra lá! –assentiu Antony.

************

        -Senhorita, ele não ligou? –perguntou Jasmine.
        -Não Jasmine! E por favor me chame de Elise.
        -E você não vai ligar?
        -Pela milésima vez? –acho melhor ir deitar. Ele não vem mesmo e já é meia-noite e meia.
        -Eu sinto muito, Elise!
        -Está tudo bem Jasmine. É melhor deitar-nos. Boa noite.
        -Boa noite.

        Enquanto isso na Scape...
        -Veja Antony! Presentinhos pra você! –gritou Bernard, pois o barulho que fazia dentro da boate era ensurdecedor.
        -Ora, ora, ora... –Antony estava muito bêbado.
        -Bem ao estilo Hill, hein? Loira, olhos azuis... E o que me diz de, ao invés de uma, serem duas... –disse Bernard.
        -Uau! –ele já estava entusiasmado.
        -Gêmeas russas...

*********

        Rolo pra um lado, pro outro. Olho o relógio 01:15. Nossa! Ele não apareceu. Devo ligar novamente? Melhor não. Onde está meu celular? Acho que esqueci na sala... onde? Ah! Aqui está! Tem alguém chegando... sons de risadas... homens e mulheres...
        Ao abrir a porta que dá acesso ao hall e ao elevador, o que vejo paralisa-me... Bernard agarrado com uma asiática e...e...o Antony com duas loiras, a gravata desamarrada, os botões da camisa abertos até a altura do umbigo... ele está beijando uma, enquanto a outra apalpa sua ereção. Ah! Meu Deus! Que pesadelo! Pisco várias vezes porque não quero acreditar no que vejo. Estou paralisada... Bernard é o primeiro a notar minha presença e tosse para Antony, que está absorto com suas barbies... Bernard tosse mais uma vez... Antony olha pra ele, e depois pra porta e me vê... ele ri pra mim... se desvencilha das garotas e encaminha-se até mim... eu não consigo mover-me, falar nem mesmo respirar... fica a uns três metros e diz...
        -Contemplem-na. Esta é Elise... a mulher mais linda e mais exótica que eu já vi na minha vida... –Quê?
        Entro e bato a porta. Ele vem atrás de mim. Entro rapidamente no quarto dele e fecho a porta.
        -Elise, abra a porta! Vamos! Abra! Eu sinto muito!
        Joguei a mala em cima da cama e comecei a colocar minhas roupas de volta. Tenho que sair dali. Estou com medo do que estou sentindo... Preciso fugir... Meu peito dói... Não consigo engolir, porque um bolo formou-se em minha garganta e eu sinto como se meu pescoço estivesse inchado pressionando a passagem do ar e eu não consigo respirar... Choro. Lágrimas descem incontroláveis... Como ele pôde? Lembro do dia em flagrei o Marcelo... Não o amava mais... e mesmo assim... foi muito triste... mas o Antony? Por que estava sentindo-me assim? Eu estava diferente. Antony havia me mudado. Ele curou meu corpo, meu coração e devolveu a esperança de acreditar novamente em um relacionamento. Ele apareceu na minha vida, quando havia decidido me divertir, sem entregar-me, tentando pensar como os homens pensam: sem muita entrega, sem cobrança, só diversão... Mas, afinal que chances eu teria? Eu fui uma boba em pensar que conseguiria... Talvez eu pudesse tentar uma nova abordagem, uma espécie de “proximidade sem intimidade”. Deitei e apaguei.
        No dia seguinte, levantei muito cedo, tomei um banho rápido e peguei a mala.
        Antes de chegar a cozinha, ao passar pela sala, vi-o dormindo no sofá. Estava sem camisa, sem gravata, mas ainda estava com a calça e os sapatos, totalmente apagado, completamente bêbado.
        -Bom dia Jasmine, onde está Mathew?
        -Bom dia! –disse Mathew ao entrar na cozinha.
        -Bom dia! Você pode levar-me ao aeroporto?
        -Sim, senhorita. Não acha que é um pouco cedo?
        -Quero voltar pro Brasil o mais rápido possível.
        -Sim, Claro.
        -Tome seu café. Estou no escritório fazendo umas ligações.

***********

        Por pura sorte consegui um vôo que sairia dali a uma hora. Mathew ficou o tempo todo comigo.
        -Mathew não é necessário você ficar aqui. Pode ir. E obrigada por tudo.
        -Sim, senhorita, mas receio que o Senhor Hill iria querer que eu ficasse aqui até a senhorita decolar.
        Nisso o telefone dele tocou.
        -Com licença senhorita! –e afastou-se par atender. Deve ser o Antony. Aproveito e vou tomar um café.
        Enquanto tomo o meu café, observo o Mathew conversando ainda ao celular. É melhor preparar-me, talvez ele atreva-se a vir aqui... Meia-hora depois, avisto-o vindo em minha direção. Já tomado banho e com roupas limpas: calça jeans e camisa branca. Mathew cumprimenta-o e afasta-se.
        -Oi! –Não respondo. Olho pra minha xícara vazia. –Dois cafés, por favor! –ele pede.
        Isso é novidade pra mim, mas quando estou chateada com ele, simplesmente não consigo olhá-lo nos olhos. Novamente minha garganta incha e sinto meus olhos lacrimejar, mas como estou olhando pra baixo, acho que ele não percebeu isso, a não ser minha tristeza revelada no meu silêncio.
        -Elise, eu sinto muito. De verdade.
        -Será que sente? –ainda olhando pra baixo.
        -Não quero vê-la triste assim!
        -Não se preocupe tanto!
        -Eu não sei no que estava pensando, mas acho que estava com medo... acabou que isso ficou muito sério. E...
        -Me trouxe até aqui pra perceber isso?
        -Não. É que preciso de um tempo pra encontrar-me. Eu estou um turbilhão de sentimentos e isso está me assustando demais.
        -Eu não perco um minuto da minha vida “dando tempo”. O tempo pode tanto estar a nosso favor, como contra. E eu não vou estar aqui quando você se encontrar.
        -Não?
        -Não.

                -Então...
            -É engraçado! Você quer se encontrar longe de mim e eu só quero me perder em você... parece que está havendo uma contrariedade aqui! –sorrio nervosa.
            Ele olhou-me surpreso. Não respondeu como se processasse lentamente o que eu dizia. Uma vez ou outra, passava as mãos pelos cabelos, como se estivesse travando uma luta interna. Ah! Meu amante perfeito! O que teria acontecido? O que o fez mudar de idéia?
“Attention passengers! Flight number 681 to Rio de Janeiro, go to gate 6, please!”(Atenção passageiros! Vôo número 681 para o Rio de Janeiro, vão para o portão 6!)
            -É o meu vôo! –senti um arrepio na coluna. Manhattan começava a esfriar, não tanto quanto meu coração! Olho em seus olhos! Sinto que vou desmanchar. Ah não! Você está indo tão bem! Continue assim! Meu inconsciente manda-me essas mensagens. Seu desespero é visível, mas ele não fala e não se move, só me olha.
            Finalmente levanto-me, visto meu casaco e pego minha bolsa. Ele se levanta e fica em frente a mim. Merda! Merda! Merda! É uma despedida! Eu nunca me despedi de alguém desse jeito. Ele continua travado. Será que é a primeira vez pra ele também? Quero jogar-me em seus braços e acalmar seu coração, meu coração e dizer que tudo vai ficar bem. Nós só precisamos um do outro e é nessa hora, justo nessa hora que eu percebo o quanto estou apaixonada por ele.
            -Então... Tenho que ir. Se cuida Antony! Adeus!
            Ele não responde! Passo por ele e encaminho-me ao portão 6... “Covarde”. Como ele pode me ver partindo assim e não fazer nada? Não está lutando por mim... Também não estou lutando por ele... Não posso ser essa pessoa que ele quer... Será que ele não percebia que estava estragando muita coisa. Pelo menos, a forma como eu o via seria abalada: não estava mais diante do homem forte e seguro... Talvez ele precisasse desse tempo pra se encontrar, mas a verdade é que eu estava profundamente magoada e decepcionada e tinha medo do quanto eu poderia mudar com tudo isso. Principalmente em relação a ele.



        

sábado, 8 de dezembro de 2012

Capitulo 8



8

        Chegamos a Manhattan por volta das 17h e fomos direto pra sua cobertura na Upper West Side. Era enorme e luxuosamente decorado em muitos tons de branco. Sofás, objetos decorativos, lustres, paredes. Claro que contrastava com outras cores, mas o tom de branco sobressaía-se. Transmitiu-me paz. É isso aí. O lugar certamente tinha uma energia agradável. Olhava curiosa tudo ao redor, de repente meus olhos encontraram-se com os seus e ele fitava-me ansioso.
        -Gostou?
        -É lindo Antony! E me transmite paz!
        -Paz?
        -É. Não sei dizer! É muito agradável estar aqui. Parece que eu já esperava essa cor ou essa cor esperava por mim.
        -O que você está falando Elise? –disse ele meio confuso.
        -Só estou dizendo que gostei da decoração.
        -Ah! –ainda meio confuso! –Venha, vou apresentar-lhe a minha Teresa.
        -Você também tem uma Teresa?
        -Não! –ele riu. –Seu nome é Jasmine.
        Uau! A cozinha era perfeita, totalmente moderna e futurística.
        -Jasmine, essa é Elise.
        -Prazer em conhecê-la! –disse uma senhora gordinha mais ou menos da minha altura e muito risonha.
        -O prazer é meu. Que bom que fala português.
        -Ah! Meu bem eu tive que aprender com tantas... –ela parou por um momento, como se tivesse arrependido-se ... -pessoas do Brasil trabalhando pro Senhor Hill.
        -Que bom!
        Percebendo a situação, Antony me pegou pela mão e disse:
        -Vamos pro quarto. Você deve estar exausta.
        Na verdade não estava não, afinal voar oito horas na High Class tem lá seu conforto.
        -Senhor Hill eu preparei o quarto de hóspedes vizinho ao seu.
        -Não quero esse! Elise vai ficar na minha suíte.
        Ela ficou chocada, pelo menos foi essa a reação que pude ler em sua cara. Eu não entendi a situação, mas... Deixei-me conduzir por ele. Ao entrar, deparei-me com uma cama enorme. Meu Deus dava pra dormir quatro pessoas. Era igualmente luxuosa e espaçosa. Fiquei me perguntando por que ele precisava de tanto espaço?
        -Elise quero levá-la a um lugar hoje à noite.
        -Onde?
        -A uma de minhas boates. Chama-se Scape. Quero que conheça um pouco do mundo ao qual eu estava acostumado, para que enfim, algumas perguntas que ainda estão remoendo essa cabecinha, possam ser respondidas.
        -Antony já falei que não interessa o que você fazia antes de me conhecer.
        -Eu insisto. –ele parecia irredutível, então era melhor silenciar porque começar uma briga não ia levar a nada.
        -Tudo bem. Quero tomar um banho, mas antes...
        Me joguei na cama enorme.
        -Meu Deus Antony pra que tanto espaço?
        -Agora ela não vai parecer mais tão grande! –Oint! Se isso foi porque eu estava nela, eu não poderia ficar mais feliz.
        Pegou-me pelos tornozelos e puxou-me para fora da cama.
        -Venha estou exausto e preciso que você me dê um banho.
        Ah! Então era ele quem estava exausto!
        -Deixe-me ajudá-lo a tirar a roupa.

*************

        Após o banho estávamos deitados na cama...
        -Quer saber da programação pra amanhã?
        -Sim. O que nós vamos fazer? –entusiasmada.
        -Desculpe honey, mas vou cedo pra empresa porque tenho uma reunião muito importante. Uma aquisição que renderá muitos milhões. Provavelmente passarei o dia inteiro lá. Só voltarei à noite.
        -E eu? –faço beicinho.
        -Não faça isso novamente! – tão mandão.
        -Por que?
        -Me dá vontade de morder. –Ah!
        -Você pode ficar em casa. Aproveite pra dar uns telefonemas. Ver seus emails. Ir ao shopping. Mathew pode acompanhá-la. Ele conhece Manhattan como a palma da mão.
        -Parece meio tedioso.
        -Eu prometo que vou recompensá-la.
        -Tudo bem. Antony, sobre hoje eu estive pensando...
        -O que tem hoje? Vamos à Scape.
        -Acho que não deveríamos ir... Quer dizer, não sei se quero ver isso...
        -Relaxe Elise.... o lugar é ótimo. Nós vamos nos divertir muito. Confie em mim.
        -Tudo bem! –é melhor não dizer nada, ele realmente quer ir.
        -Quero que vá pedir a Jasmine pra preparar um jantar pra gente.
        -Ok! Sim Senhor Hill. – ri.
        -Olha que eu posso acostumar-me com esse tratamento. –e deu uma palmadinha na minha bunda.

        Quando aproximei-me da cozinha, Jasmine estava conversando co Mathew.
        -Ela é muito linda morena. Não sei se ficaria legal loira...
        Ah! Então a louca tinha razão. Tossi e entrei.
        -Desculpe! Eh!... Jasmine, Antony pediu pra preparar um jantar pra gente. Acho que ele prefere jantar aqui hoje.
        -Sim, senhorita. Alguma preferência? Senhor Hill e suas mudanças de atitudes, eu não canso de surpreender-me. –isso foi pra você, advertiu meu inconsciente.
        -Não. Confio em você. Aliás, você conhece-o melhor que todos nós, não é?
        Saí rapidamente, sentindo-me apunhalada pelas costas. Então é isso? É tudo parte de um plano pra deixar-me parecida com sua ex-namorada? Oh! Não. Antony! Não consigo acreditar. Quando voltei, ele estava no escritório ao telefone. Fui pro quarto pensar um pouco e acabei adormecendo.
        -Ei dorminhoca! Acorde!
        -Oi!...
        Ele envolveu-me num abraço carinhoso e beijou-me ternamente os lábios.
        -Eu já estava com saudades! –disse ele com a boca colada em um dos meus seios. – Veja trouxe um vestido pra você usar hoje.
        Na cadeira tinha um lindo vestido “vermelho” e sandálias da mesma cor.
        -Vermelho? –não pude conter.
        -Não gosta? –perguntou confuso com minha pergunta.  –Me faz lembrar a primeira vez que te conheci. –Ah.
        Piscando várias vezes é que pude notar que ele já estava todo vestido. Nossa! Quanto tempo dormi? Pulei da cama e corri pro banheiro tinha que ser rápida.
        -Estou no escritório! –disse Antony e saiu.
        Pouco tempo depois eu já estava pronta. Com uma cara-de-pouca-conversa por causa do vestido é claro.
        -Nossa Elise você está linda!
        -Obrigada!
        -Nesse local acho que vamos precisar disso aqui... –ele ergueu aquele colar entre os polegares e os indicadores... –que tomei a liberdade e mandei consertar.
        Essa é demais! Esse maldito colar! Dei as costas e encaminhei-me para o outro lado, deixando a cama entre nós.
        -Mandou é? Aposto que você deve ter uma gaveta em algum lugar com dezenas de coleiras como essa. Não vou deixá-lo colocar isso em mim.
        Sua expressão era de profundo desapontamento. Seus olhos escureceram e sua mandíbula tremia. Ele estava furioso. Eu já conhecia essa cara. Ele simplesmente passou os outros dedos por dentro do colar e arrebentou-o. a força que ele fez foi tamanha que assustou-me. Juntou os pedaços e arremessou pra lixeira do banheiro.
        -Depois não diga que não avisei! –e saiu do quarto deixando-me sozinha.
        Nossa! O que foi isso? Que reação mais inconstante. Senti um bolo formando-se em minha garganta. Peguei o casaco, a carteira e saí. Na sala, ele passava as mãos pelos cabelos exasperado. Quando ouviu meus passos, posicionou-se a porta e abriu-a.
        -Não vamos jantar primeiro? –não sei como, mas perguntei.
        -Não. Já estamos atrasados demais. –ele nem olhava pra mim, tamanha era sua raiva.
        Passei por ele rumo ao hall que dava acesso ao elevador. Já estávamos descendo quando perguntei:
        -Tem certeza que ainda quer ir? –que clima estranho! A noite certamente já estava estragada.
        -Devia ter feito essa pergunta quando ainda estávamos no quarto. –falou frio com a porta à frente.
        Parei o elevador e apertei o botão que dava acesso à cobertura. Quando o elevador começou a subir, ele parou-o e apertou o botão da garagem. Merda! Isso não vai acabar bem. O bolo estava cada vez maior e minha garganta estava seca. No carro ele não me tocou nenhuma vez. Uma vez ou outra o olhava de relance e via sua mandíbula tremer. Ele continuava zangado. Paramos em frente a um prédio de dois andares e uma fila espantosa dava a volta no quarteirão aguardando a entrada. O manobrista ao reconhecer o logotipo da empresa de Antony veio logo atender-nos e abriu a porta pra mim. Antes de sair Antony disse:
        -Vista seu casaco! – uma frase fria e seca.
        Ele agarrou minha mão e conduziu-me. Pelo menos um toque! Passou pela fila, enquanto olhares curiosos eram lançados para nós.
        -Natan!
        -Mr. Hill!
        Entramos. Meu deus! O que era aquilo? O lugar era muito sofisticado e moderno. Um DJ tocava ao fundo e acenou pro Antony quando o viu. Seguimos direto por elevador e não pude notar os olhares voltarem-se pra nós, principalmente pra mim. Fomos pro segundo andar, área vip, imagino! No elevador, Antony apertava minha mão com força como se quisesse dizer alguma coisa, mas estava frustrado demais. Dava pra sentir. Eu também estava e nem conseguia olhar pra ele. Cada vez que ele apertava, meus olhos marejavam. Será que estamos tendo nossa primeira briga de verdade? Por que não conseguimos olhar um pro outro, depois de fazermos amor daquele jeito no banho há poucas horas? Antony, por que você gosta dessa vida? Finalmente chegamos à mesa. Ele conduziu-me pro fundo e prendeu-me sentando à ponta. Comecei a olhar ao redor, tentando evitar o contato visual. Mulheres com coleiras de todas as cores, exibindo símbolos dos mais diversos. Muitas acorrentadas e sendo conduzidas por seus Senhores, imagino. Homens com duas, três escravas. Mulheres exibindo escravos. Isso tudo era demais par mim. Eu realmente não queria estar ali
        -Ei! Olhe pra mim! Você é a mulher mais frustrante que já conheci. –essa não. –Ei eu já consegui dissipar minha raiva. Vamos Elise!
        Não conseguia. Meus olhos estavam prestes a derramar.
        -Vamos olhe para mim! Tente Elise! –ele insistia.
        Comecei pelo seu peito e vi sua respiração ofegante. O bolo na garganta me sufocava. Segui pro pescoço, queixo, boca, nariz e antes de alcançar seus olhos os meus se derramaram, solucei.
        -Oh! Meu deus Elise! – e mais uma vez sufocou meu soluço num beijo apaixonado. Enxugou minhas lágrimas e disse:
        -Não quero mais brigar com você! Parece que eu vou morrer! Desculpe-me!
        -Também não quero! Desculpe-me.
        -Nós somos dois babacas.
        -Excuse-me! Wow! You’re a pretty woman. (Com licença! Uau! Você é linda!) –disse um velho asqueroso, vestido com uma roupa de couro preta. Arghhhh.
        -Sorry, Mr. Eliot, but she’s mine. (Sinto muito,  Senhor Eliot, mas ela é minha.)
        -I’m sorry, Mr. Hill! Have a good night! (Desculpe, Senhor Hill. Tenha uma boa noite!)
        -O que foi isso?
        -Eu te falei. Vir aqui desprotegida assim, é um perigo!
        -Você quer dizer sem a “coleira”.
        -É, Elise. Sem a “coleira”.
        -Estou com fome Antony!
        -Ah! É claro! -Fez um gesto e o garçom veio nos atender.
        E assim o nosso jantar foi interrompido mais duas vezes, sendo que a última era uma mulher.
        -Honey, você está balançando com os padrões de todos desse grupo.
        Na quarta interrupção eu não aguentei.
        -Com licença!
        -Olha cara! É o seguinte: eu sou dele e não to a fim de ficar com você cai fora.
        -Desculpe senhorita o que disso?
        Antony ria da situação.
        -Elise, esse Bernard! Ele trabalha pra mim.
        -Oh... desculpe-me.
        -Sem problema...Está sendo muito incomodada? Não devia tê-la trazido aqui Antony! –riu e olhou-me bem nos olhos. Só Antony olhava pra mim daquele jeito. Fiquei desconcertada com a intensidade daquele olhar. Não gostei desse cara. E Antony certamente percebeu, porque pousou a mão sobre meus joelhos numa atitude de posse. Sabe aquela bem machista. Tipo macho alfa.
        -E aí cara, pronto pra amanhã? –dirigindo-se finalmente pra Antony...

*********
        Acordei sentindo uma enorme dor no peito direito. Antony estava em cima de mim, esmagando todo o meu lado direito. Estava quente, embora estivéssemos descobertos. Sua perna direita dobrada estava entre as minhas, de forma que os pelos de sua perna alcançava meu sexo fazendo cócegas. Sua mão direita agarrava meu seio esquerdo, sua outra por baixo do travesseiro, sua cabeça enterrada no meu pescoço. Minha coluna doía. Passei as mãos pelos seus cabelos e costas tentando acordá-lo.
        -Ei Antony! Meu peito está doendo!
        -Hã?... O que?
        -Meu peito!
        Ele apoiou-se nos cotovelos e levantou-se um pouco. Nisso suas pernas moveram-se provocando cócegas lá. Ri.
        -Por que tá rindo?
        -Seus pelinhos da perna.
        Ele devolveu seu peso pro outro lado do meu corpo.
        -Ah não Antony! Vamos ficar de conchinha.
        -Não! Quero dormir em cima de você!
        -É desconfortável e eu preciso beber água.
        Relutante ele saiu de cima de mim e eu levantei-me massageando meu seio doído. Aproveitei e vesti a camisa do seu pijama. Bebi água e voltei, passando por cima dele e deitando ao seu lado. Ele esperou e ficou em cima de mim de novo.
        -Ah não!
        -Que porra é essa Elise? Tá vestida?
        -É sua camisa!
        -Não! Quero você nua! – e tirou a camisa. Ah!
        -Me deixe dormir em cima de você!
        -Vem!
        Tentei aninhar-me em seu corpo, mas a verdade é que nenhum de nós estava acostumado com aquilo. Após algumas tentativas, desisti. Sem contar no desejo que estava pairando com toda aquela esfregação. Montei nele e disse;
        -Vem logo Antony! Vamos resolver logo isso!
        -O que você quer Elise?
        -Não se faça de bobo!
        -Você é insaciável! –e escondeu a cabeça com um travesseiro.
        -Ah! Eu sei resolver isso rapidinho. Você está em desvantagem e eu estou por cima. –movimentei meu quadril sobre sua ereção.
        -Epa! Onde aprendeu a mexer desse jeito? –funcionou.
        -Eu tenho um excelente professor.
        -Hummm. Você me deixa louco! Consegue alcançá-lo sem as mãos? –falou com boca junto a minha.
        -Só com o quadril? –estava ofegante. –Assim?  -quando alcancei, ele levantou meu quadril e mudou a posição.
        -Você é um perigo senhorita! O que você quer? Diga!
        -Vamos foder até perder os sentidos. Assim a gente não se preocupa com posição pra dormir...

************

        Quando acordei Antony já havia saído pra empresa. Tomei meu café da manhã e resolvi mandar alguns emails do escritório dele. Peguei meu celular e tinha uma mensagem dele.


 "Bom dia senhorita! Acho que não conseguimos chegar a um acordo ontem, portanto, continuaremos hoje. VC nua = EU por cima."
 
        
        Será que ele está em reunião? Acho que vou provocá-lo um pouquinho.

 
"Bom dia senhor! Vá sonhando! VC nu = EU por cima."
       

        Mensagem dele:


"Até que enfim acordou!"

"E voltei pra cama de novo!"
            "Por quê?"

        "Aqui é chato sem você!"

             "Estou trabalhando!"

"Essa cama parece tão grande sem você!"

"Está flertando comigo senhorita? Isso é um convite pra eu ocupar o meu lado na minha própria cama?"

"A verdade é que eu estou no seu lado da cama."

"Por quê?"

"Tem seu cheiro! Assim como sua camisa."

"Teimosa! Ainda está vestida com meu pijama?"



"E sem calcinha..."

"Pare! Eu sei o que você quer fazer! ESTOU TRABALHANDO!"

"Estou ficando com TESÃO. Mto TESÃO."

"SAIA JÁ DESSA CAMA!"

"Vem aqui..."

"ELISE SAIA JÁ DAÍ!"

"Ahhhhhh....."

"O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO?"

"Vem logo!"

"VOCÊ ESTÁ PROIBIDA DE SE MASTURBAR!"

-Senhor Hill vamos fazer uma pausa de cinco minutos daí retomaremos desse ponto.
        -Ótimo preciso dá um telefonema da minha sala. Já volto.
        Nossa que susto! O celular tocou. É ele. Meu amante controlador.
        -O que você tá fazendo?
        -Hummmm!
        -Pare com isso Elise!
        -Ohhhhh!
        -Não quero que se masturbe. Quero seu prazer só pra mim. –Ah! É isso então!
        -Oh! My god!.... Antony.... Ah!.....hahahah...te peguei.
        -O quê? Você tá brincando?
        -Claro! Relaxe meu bem!
        -Onde você está?
        -No seu escritório. Se quer saber o celular está na mão esquerda e a mão direita... bem a mão direita está no teclado.
        -Bom saber porque essa sua brincadeirinha me deixou com um baita tesão. Então eu vou ali, aliviar-me um pouco.
        -Antony, pare já com isso!
        -Oh honey. Será que você não faz idéia do efeito que causa em mim?
        -Pare Antony! Volte já aqui! Não faça isso!
        -Gostosa!
        E desligou. Que filho-da-mãe, desgraçado. Conseguiu virar o jogo. Bem feito pra você sua babaca.